quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O HOSPITAL DE CIRURGIA À BEIRA DA MORTE.



O Hospital de Cirurgia à beira da morte.

Em 1926, o governador Graccho Cardoso construiu e equipou uma Casa de Misericórdia em Sergipe. O hospital foi entregue ao comando do Dr. Augusto Leite. Por muitos anos, o hospital de Cirurgia foi a salvação do povo pobre.

Já faz tempo, que o hospital de Cirurgia só é filantrópico na razão social. Permanece nessa condição, para assinar contratos com o poder público sem licitação, e ser isento de certas contribuições previdenciárias.

Na realidade, o hospital de cirurgia é um conglomerado de empresas e negócios, com várias clínicas privadas operando sob o seu guarda-chuva. Com bancos e empresas de ensino. Até o IPES Saúde, tem o seu lote nas dependências do Nosocômio. Do velho hospital de caridade, talvez tenha restado o setor de contabilidade, os livros de atas e os documentos.

O hospital de cirurgia vive em conflito permanente com o SUS e com a sociedade. Alguns serviços passam mais tempo parado do que funcionando. Desde janeiro, o contrato com o SUS deixou de ser com o município de Aracaju e passou para a Saúde estadual.

O hospital de cirurgia, sufocado por dívidas e gestões improvisadas, anda na corda bamba.

A Justiça resolveu determinar uma intervenção, nomeou a interventora, e passou o pepino para o poder público. Como a Justiça não tem como administrar diretamente um hospital, delegou a tarefa ao Estado. A pergunta é simples: quem vai disponibilizar os recursos para sanear financeiramente o hospital de Cirurgia?

O Estado que não consegue administrar bem a sua rede de hospitais, passa a ter mais esse encargo. Se forem necessários reformas físicas e novos equipamentos, quem vai providenciar?

Como ficará a relação da interventora com os diversos negócios privados que funcionam sobre o mesmo teto? Qual a proposta de reformulação que será adotada? O hospital voltará a ser filantrópico? Depois de saneado, o hospital voltará para o comando de quem? Em suma, o antigo hospital de caridade passará a ser o que, durante e após a intervenção?

A questão é delicada: um hospital a beira da falência, com muitos donos, pendencias financeiras e trabalhistas insanáveis, é entregue para o poder público resolver. E ainda se pergunta por que os recursos do SUS são insuficientes...
Antônio Samarone.

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