segunda-feira, 6 de agosto de 2018

ARACAJU, UM INFERNO PARA OS PEDESTRES.



Aracaju, um inferno para os pedestres.

Para enfrentar a ameaça da obesidade, resolvi andar. Ir a pé, flanar. Pensei: ao invés de longas e tediosas caminhadas matinais, vou começar ir andando para os lugares mais perto. A adversidade me esperava: as estreitas calçadas do Aracaju estão ocupadas. O passeio público está cheio de obstáculos físicos, desnivelado, com piso irregular e liso. E o mais agressivo, tomado de veículos.

Lembrei-me de uma crônica de Carlos Drummond de Andrade, publicada no Jornal do Brasil em 1982: “Vamos trabalhar pela afirmação (ou reafirmação) da existência do pedestre, a mais antiga qualificação humana do mundo. Da existência e dos direitos que lhe são próprios, tão simples, tão naturais, e que se condensam num só: o direito de andar, de ir e vir, previsto em todas as constituições... o mais humilde e o mais desprezado de todos os direitos do homem. Com licença: queremos passar.”  

Em Aracaju as calçadas têm donos. Cada proprietário de imóvel pensa e age como se as calçadas lhes pertencessem. Ouvi de um velho amigo: “você queria o que? A cidade é o paraíso da especulação imobiliária, os empresários da construção civil mandam e desmandam. A cidade tem donos”.

Retruquei, não é bem assim, deixe de exageros.
   
Virar pedestre em Aracaju não é fácil, mas não desisto. Nosso índice de caminhabilidade, que permite avaliar as ruas, sob ótica do pedestre, é um dos piores. Usando uma palavra da moda, vou ser resiliente! Nada vai me impedir de ir a pé. Peço o apoio da Associação Sergipana de Peregrinos, dos ambientalistas, dos cidadãos, das pessoas de boa fé e do povo em geral.  

E do poder público, esperar o que? Sinceramente, nada, ou quase nada...

As cidades já se disseram modernas, sustentáveis, seguras, saudáveis, etc. Na propaganda oficial, Aracaju promete virar inteligente, “muy inteligente” ...
Antonio Samarone.

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