A mente é a base da realidade.
(por Antonio Samarone)
É antigo o desejo da medicina em alterar a consciência, por meio de intervenções físicas no cérebro.
As neurociências apontam a consciência e o livre arbítrio como produtos do cérebro, dos seus circuitos neuronais, regulados elétrica e bioquimicamente.
O saber médico é resistente às trocas de paradigmas. A teoria humoral, da escola grega, durou vinte séculos. Somente na metade do século XIX, foi suplantado pela patologia celular de Rudolph Virchow (1858). O paradigma molecular veio rápido. A descoberta do DNA, como base da memória genética, é de 1954.
Nessa doutrina, os transtornos mentais são desregulações dos neuros transmissores e dos circuitos elétricos.
O médico alemão Franz Anton Mesmer (1774), descobriu o magnetismo animal. Passou a tratar os seus pacientes usando a estimulação magnética do cérebro, se contrapondo ao exorcismo do padre Johann Joseph Gassner, que apontava a doença mental como possessão demoníaca.
A Academia Francesa de Medicina nomeou uma comissão de sábios (o astrônomo Jean Bailly, o químico Lavoisier, o médico Guilhotin e o embaixador Benjamin Franklin), para compararem a eficácia entre o exorcismo do padre Gassner e a estimulação magnética de Mesmer.
O célebre médico francês Jean Martin Charcot, pai da neurologia, usou largamente o hipnotismo, como terapia contra as histerias, demonstrado em espetáculos públicos no Salpêtriére. Charcot era o Napoleão das neuroses. O nosso Pedro II, foi seu paciente e amigo.
O Salpêtríere era um albergue médico para idosos, com cerca de cinco mil pacientes internados.
A medicina, há séculos, avança sobre a consciência.
Montaigne, em seus “Ensaios”, tratou a imaginação (consciência) com a fonte de sonhos, visões, delírios, manias, ideias fixas, fobias e do sonambulismo.
Em 1938, Ugo Cerletti introduziu a estimulação elétrica do cérebro como tratamento da esquizofrenia. Estava inventada a eletroconvulsoterapia (o eletro choque), que se disseminou rapidamente pelo mundo. Cerletti foi indicado para o prêmio Nobel, mas não ganhou.
Em 1949, o médico português Egas Moniz, recebeu o prêmio Nobel em medicina, pela descoberta da lobotomia. Uma cirurgia onde o lobo frontal do cérebro é destruído, para libertar a mente dos efeitos patológicos do cérebro.
Muita barbaridade já foi feita, se acreditando que a consciência é um produto do cérebro.
O paradigma celular foi abalado pelo paradigma molecular, onde a memória genética foi desvendada, e é passível de manipulação pela engenharia.
A medicina não desiste.
Recentemente, um paciente com TOC (transtorno obsessivo compulsivo) grave, associado a Síndrome de Tourete e TCI (transtorno do controle de impulso), foi operado no Instituto de Psiquiatria da USP.
A nova cirurgia psiquiátrica visou o TOC, as outras ocorrências clínicas continuaram com o tratamento medicamentoso. Trata-se de uma trepanação, com introdução de eletrodos nos dois hemisférios, visando uma estimulação elétrica profunda do cérebro. O kit dos dois dispositivos com a bateria custam cem mil reais.
Depois da implantação, o sistema foi acionado. O psiquiatra da equipe, observou que o paciente apresentou leve euforia e redução momentânea da ansiedade. E concluiu: “não existia outra saída, esses pacientes graves são refratários a qualquer tratamento.”
Acho que o inventor da “Estimulação Cerebral Profunda” será um forte candidato ao Prêmio Nobel. Ele juntou a cirurgia com a estimulação elétrica. Dessa vez mais precisa, milimetricamente delimitada, por um halo estereotáxico.
Ocorre que a ciência não para, os estudos da física quântica apresentam novidades, mudanças de paradigmas, que alcançam a biologia. As descobertas dos microtúbulos neuronais e da irradiância ultravioleta do triptofano, são fenômenos quânticos conhecidos.
Plagiando os médicos: as evidências que a consciência é externa ao cérebro, produto da energia quântica são demonstradas. A consciência é um fenômeno cósmico. O cérebro é um receptor dessa consciência. A mente não é apenas química e elétrica, ela é essencialmente quântica.
A ciência, ao tentar eliminar o místico, tropeça no sagrado.
A medicina resiste ao novo paradigma sub atômico, por razões estruturais. Todo o arcabouço doutrinária seria abalado, com consequências econômicas profundas.
Essa tese da consciência quântica está suficientemente estudada, publicada e ignorada.
Enquanto isso, a medicina insiste em atuar fisicamente sobre o cérebro, como forma de alterar a consciência. Se o cérebro é apenas um receptor da consciência, as intervenções cirúrgicas são procedimentos cosméticos.
A criação da matemática, da música, da filosofia, da poesia e da ciência, não são obras de circuitos neuronais, estímulos elétricos e doses de neurotransmissores.
Não foi a matemática que criou a consciência, foi a consciência que criou a matemática.
Antonio Samarone – médico sanitarista.

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