A Oftalmologia em Sergipe
(por Antonio Samarone)
Até as primeiras décadas do século XIX a oftalmologia era apanágio dos cirurgiões aprovados, que realizavam operações de catarata, fístula lacrimal e enucleação do globo ocular.
Os autores antigos responsabilizavam a sífilis, as febres intermitentes e o reumatismo pelo desencadeamento de muitas lesões oculares. A oftalmologia cuidava de conjuntivite, terçol, sapiranga e oftalmia purulenta (tracoma).
Na história do ensino médico no Brasil, a cadeira de “oftalmologia” clínica foi uma primeira disciplina especializada a ser instalada. Na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro a cadeira foi criada em 1873.
O médico sergipano José Antonio de Abreu Fialho, se estabeleceu como lente catedrático de oftalmologia a partir de 1906, indo desempenhar um papel marcante na consolidação da especialidade no Brasil.
Os primeiros oftalmologistas sergipanos:
Dr. José Antonio de Abreu Fialho natural de Aracaju, nascido a 20 de janeiro de 1874. Doutor em medicina em 1897, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese “A oculística perante a patologia: perturbações oculares nas moléstias cerebrais”. Fez especialização em Viena na clínica Fuchs. O Dr. Abreu Fialho faleceu a 17 de março de 1940. O sergipano Abreu Fialho, foi o maior nome da oftalmologia brasileira do século XX.
Dr. Oscar de Noronha, natural de Estância, nascido em 1859, recebeu o grau de doutor na Faculdade de Medicina da Bahia em 1883, defendendo a tese “Fistulas lacrymaes”. Foi militar, nomeado diretor do Hospital Militar de Porto Alegre, onde exerceu a oftalmologia em sua clínica privada.
Dr. Ulysses de Azevedo Faro, natural de Rosário do Catete, nascido a 28 de outubro de 1856, recebeu o grau de doutor pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1881, com a tese “Influência da medula espinhal sobre as funções respiratórias, circulatórias, de calorificação e nutrição”. Escreveu vários trabalhos sobre a cirurgia de catarata. Circulou por vários Estados, findando por montar clínica em São Paulo para desenvolver sua especialidade de oftalmologia.
Dr. José Lourenço de Magalhães, natural de Estância, nascido a 11 de setembro de 1831, recebeu grau de doutor pela Faculdade de Medicina da Bahia em 15 de abril de 1856 defendendo a tese “como reconhecermos que o cadáver morreu de afogamento?” Lourenço de Magalhães Foi diretor do serviço de oftalmologia da Casa de Saúde N. S. da Ajuda, no Rio de Janeiro. Também foi especialista, com reconhecimento internacional, em lepra. Presidente da Academia Nacional de Medicina (1895 -96). Faleceu em São Paulo em 23 de novembro de 1905.
Dr. José Correia de Mello Bittencourt, natural de São Cristóvão, nascido a 22 de dezembro de 1859, recebeu o grau de doutor na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1882, com a tese “Da influência do curativo de Lister nas septicemias cirúrgicas”. Especializou-se em oftalmologia na clínica Wecker em Paris. Foi membro da Sociedade Francesa de Oftalmologia.
Dr. Francisco de Barros Pimentel Franco, natural de Laranjeiras, nascido a 06 de novembro de 1879. Formou-se em medicina na Bahia em 1904, com a tese “Das Coroidites”. Antes já havia se formado em farmácia e em odontologia. Foi interno, na Bahia, da Clínica Oftalmológica da faculdade. Praticou a medicina em Própria, Laranjeiras e Aracaju. No final da vida exercia apenas a oftalmologia. Faleceu a 24 de abril de 1922.
Dr. Edilberto de Souza Campos, nasceu a 04 de setembro de 1883, em Lagarto. Doutorou-se em medicina em 1905, no Rio de Janeiro, defendendo a tese “Notas sobre a correção óptica permanente da miopia”. Fez o curso de especialização em oftalmologia em Viena, Áustria. Em junho de 1908, publicou um importante livro de medicina: “Os Medicamentos da Oculística”, opúsculo de 144 páginas, destinado a servir guia prático no uso dos medicamentos pela categoria médica.
Dr. Durval Prado - nascido em Capela, Sergipe, foi óptico até se formar em Medicina aos 31 anos, em 1934, pela FMUSP. Livre docente em 1942, recebeu também o Prêmio Moura Brasil pelo seu trabalho “Noções de óptica, refração ocular e adaptação de óculos”. Professor de oftalmologia da USP. Doutor em 1934, e livre docente em 1940.
Sem contar, que o maior nome da medicina sergipana no século XIX, Dr. Antonio Militão de Bragança, também exercia a oftalmologia em sua clínica, tendo sido Lampião o seu paciente mais famoso. O conhecido “olho cego” do Rei do Cangaço, foi um acidente com um espinho de quixabeira, tratado pelo Dr. Bragança.
Cabe a Sociedade Sergipana de Oftalmologia zelar pela memória da especialidade. Em Sergipe, todos acham que são os “primeiros” em seu oficio.
Prometo apresentar os oftalmologista sergipanos da segunda metade do Século XX.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
sábado, 24 de setembro de 2022
A OFTALMOLOGIA EM SERGIPE
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