segunda-feira, 3 de setembro de 2018

CHOLERA MORBUS EM PROPRIÁ (1862)



O Cholera Morbus em Propriá (1862)

O Cholera dessa vez veio de Pernambuco. Em 22 de agosto de 1862, a Peste se manifestava no povoado Curralinho, com dois óbitos. O primeiro caso em Propriá, ocorreu em 30 de agosto. A Província dessa vez estava mais preparada, (o flagelo de 1855, ficou marcado). Desde março, cinco meses antes, a Província havia sido dividida em distritos médicos, nomeando-se pessoas caridosas para as cidades, vilas e povoados. Todas instruídas do que fazer antes, durante e depois da Peste.

As autoridades da Província distribuíram uma cartilha com todos fazendeiros e proprietários, com professores, padres, pessoas alfabetizadas, com as recomendações preventivas contra o Cholera, as formas de uso dos medicamentos, dietas e resguardos. A Província de Sergipe estava mais precavida, e os flagelos dessa segunda epidemia foram bem menos funestos e assoladores que os estragos da Peste de 1855.

Mesmos com todas as precauções, a Peste se disseminou. O Dr. Leopoldo, residente em Propriá não deu conta sozinho. Tentou-se a ajuda do médico de Divina Pastora, Dr. João Paulo Vieira da Silva, que não pode. Na emergência, o Presidente da Província encaminhou para Propriá o cirurgião do corpo de saúde do Exército, Dr. Manoel Antunes de Salles.

Com o avanço da epidemia de Cholera em Sergipe, a Bahia mandou ajuda: médicos e medicamentos. De imediato, dos chegados da Bahia, o Dr. Egas Muniz Barreto Carneiro, foi encaminhado para Propriá.

O dr. Joaquim Jacintho de Mendonça, Presidente da Província informou:

“Para evitar latrocínios, que outrora, em crises semelhantes, apareceram na Província; e para fazer guardar com toda a regularidade das inhumações (sepultamentos), pus a disposição do Juiz de Direito os praças do destacamento da cidade, como aumentei o efetivo e enviei um capitão do corpo efetivo da polícia.”

“Finalmente, para que nada faltasse aos infelizes enfermos, fui diligente ao remeter suprimentos de remédios, roupas, carapuças, tamancos, baetas e gêneros alimentícios, bem como 1:200$000 reis em dinheiro.”

O ano de 1862 foi trágico para Sergipe, além das mais de 600 vítimas fatais do Cholera, na cidade de Propriá, entre eles, o próprio Juiz de Direito, Dr. Antônio Rodrigues Navarro de Siqueira, falecido em 22 de janeiro de 1863. Segundo relatório do Inspetor de Saúde Pública da Província, Dr. Francisco Sabino Coelho de Sampaio, nesse ano de 1862, também ocorreu uma epidemia de febre amarela em Sergipe, com mais de 400 óbitos. O estado sanitário da província de Sergipe era apavorante, na segunda metade do Século XIX.

Destacou o Inspetor de Saúde Pública: “O Cholera Morbus, esse monstro surgido das águas do Ganges, morador inseparável de suas margens empestadas, flagelo, que os céus em sua justiça arrojarão à terra para punir-nos, assaltou vorazmente toda a Província, e saciou a sua voracidade”. 

Antonio Samarone.

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