terça-feira, 11 de setembro de 2018

A BANCADA FEDERAL DE SERGIPE.



A bancada federal de Sergipe.

Na lógica tradicional das eleições, o sufrágio para deputado federal em Sergipe tem as suas especificidades. O voto de federal não é buscado diretamente no eleitorado, no corpo a corpo, pedindo-se a um e a outro. O voto não é no varejo. O voto de federal consegue-se no atacado, com o apoio de lideranças (deputados estaduais, Prefeitos e, secundariamente, vereadores).

Por isso uma eleição de federal custa caro. Essas lideranças para apoiarem um federal buscam uma contrapartida. A recompensa vai do compromisso para liberação de emendas para o município, ao apoio na próxima eleição municipal.

Claro, precisa-se também de um adjutório para tocar a campanha, a chamada estrutura, o capilé, a grana que move as eleições. Uma parte desse recurso pode chegar ao eleitor, em forma de pequenos favores ou em espécie. É sobre essa última etapa da cadeia mercantil que se voltam os olhos da justiça.  

Qual o valor dessa “estrutura” no mercado da política? Depende do potencial de transferência da liderança contratada. Quem é do ramo sabe com precisão quanto cada um transfere. O apoio do Prefeito X significa tantos votos, quando se apura tá lá os votos. Essa lógica tem funcionado desde a proclamação da República. Nessas eleições, um político conhecido achou muito caro e desistiu; e um outro, desconhecido, virou favorito, só porque tem bala na agulha.

É por isso que os analistas bem informados fazem a lista de quem vai ganhar e de quem vai perder para federal, com antecedência. O meu amigo Rosalvo Alexandre, quinze dias antes, entregava a relação dos oito eleitos, nunca errou! De vez em quando aparecia uma zebra, que ninguém esperava. A exceção é parte da regra.

Para ser deputado federal em Sergipe, não precisa o candidato conhecer os eleitores, nem ser conhecido por eles. Não precisa dizer as razões do seu pleito, em pouco tempo os eleitores não se lembrarão em quem votaram. A votação do federal dependerá apenas de quem o candidato contratou para apoia-lo. Não precisa sair em cima de uma caminhoneta, acenando para o eleitor. Na verdade, é o candidato quem escolhe os eleitores que votarão nele.

Tem sido raro, mas de vez quando se elege um nome novo. Esse ano, temos vários candidatos alternativos: uns por convicção política, outros por falta de recursos e outros até por oportunismo. Candidatos que não procuram os apoios convencionais. Fazem a campanha no varejo, de porta em porta, de rua em rua, de beco em beco. Alguns esperando o milagre das redes sociais. Esses candidatos estão fora do mercado do voto, esperando uma rebelião do eleitorado.

Entre os favoritos, destaco a campanha alternativa de Fábio Henrique. Ele reuniu os seus cabos eleitorais e danou-se no mundo a pedir votos, diretamente aos eleitores. Priorizou a grande Aracaju e adjacências. Optou por gastar a sola dos sapatos. Apoio tradicional, só o Prefeito de Cristinápolis. Em Socorro, onde ele foi Prefeito, dos vinte e um vereadores, ele só conseguiu o apoio de dois. No mais, um outro vereador. Não sei se por opção ou por falta de opção, a verdade é que Fábio Henrique não está seguindo a cartilha. Portanto, faz uma campanha arriscada.

A tese que o eleitorado está indignado com os políticos vai ser testada nas urnas. Que bancada federal Sergipe mandará à Brasília? Os analistas mais experientes defendem que nada mudará, os eleitos serão os mesmos, usando a velha receita. Eu confesso não saber. Gostaria que surgissem novos deputados federais, gente idealista, cheias de bons propósitos e com o espírito republicano. Vamos aguardar...

Antonio Samarone.

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