sábado, 16 de março de 2024

AS PRAIAS DESERTAS DO ARACAJU


As Praias Desertas do Aracaju.
(por Antonio Samarone)

Aracaju foi fundada no Solar do Engenho Unha do Gato, propriedade do Barão de Maruim, a 25 de fevereiro de 1855. Depois aprovaram a Resolução Provincial 413, em 17 de março.
Inácio Barbosa não teve tempo de ver a sua obra. Foi vítima do impaludismo, falecendo em 06 de outubro de 1855, na cidade de Estância, aos 33 anos. A medicina sergipana nada podia contra o Sezão.

No ano da fundação, Aracaju padeceu da sua maior tragédia sanitária. Foi atacada pela pandemia de Cólera Morbo. Aracaju era uma cidade inóspita e doentia.

No momento da fundação do Aracaju (1855), Sergipe possuía cinco médicos: Guilherme Pereira Rabelo, em Aracaju, e José Antonio da Silva Junior, Antonio Ribeiro Lima, Joaquim José de Oliveira, Francisco Sabino Coelho Sampaio e Francisco Alberto de Bragança.

A bela Cajueiro dos Papagaios foi construída dentro de pântanos insalubres, onde a vida parecia inviável. Santo Antonio do Riacho Aracaju está bela. A mão do homem. Luiz Antonio Barreto dizia que Aracaju era um aterro embelezado, uma obra dos sergipanos.

O engenheiro Sebastião Pirro traçou-a primeiro no papel. Tudo bem esquartejado.

No Natal de 1856, celebrou-se a primeira missa na Matriz do São Salvador, ainda em construção no Centro do Aracaju. Essa Igreja, só foi inaugurada em 23 de outubro de 1857.

Em 1856, a população do Aracaju era de 2.831 habitantes, com 4 estrangeiros. Dois sacerdotes, um médico, um boticário e um purgador.

O Atheneu Sergipense, foi inaugurado em Aracaju, em 03 de fevereiro de 1871.

“Em 1872, Aracaju contava com oito anos de impaludismo, de febre intermitente, de cólera morbo, de febre-amarela, seguida de varíola, de quilombadas, da guerra do Paraguai, com o seu voluntariado recrutado, da queda do açúcar e das secas.” – Sebrão Sobrinho.

No final de 1875, foi concluída a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, atua Catedral. O primeiro vigário da Freguesia foi o reverendo Eliziário Vieira Muniz Teles.

O Hospital de Caridade Nossa Senhora da Conceição (atual Santa Izabel), foi inaugurado em 16 de fevereiro de 1862, com recursos imperiais.

Em 1856, os médicos Guilherme Rabelo e Pedro Autran fizeram um diagnóstico das condições sanitárias do Aracaju, elaborando um competente relatório. (Tenho a cópia) O primeiro documento de Saúde Pública do Aracaju.

Aracaju já foi a Sultana dos Mares, entrecortada por rios e lagoas. Tudo limpo.

O primeiro palácio foi uma casa cedida por Dona Rufina a Dr. Inácio Barbosa. A Rua da frente chamava-se rua da Aurora, a Praça Fausto Cardoso era a Praça do Mercado. A outra Praça era da Alfândega.

Não adiantou a meritória resistência de João Policarpo Borges (João Bebe Água). Aracaju tomou prumo, foi crescendo aos poucos, e hoje é essa reluzente metrópole. A chegada da Petrobras, década de 1960, foi a locomotiva.

“Em cidades tornei fétidos brejos/ E fiz dos charcos ressurgir o Império.” – Júlio César.

Antonio Samarone – médico sanitarista.

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