Sergipe da Escuridão.
(por Antonio Samarone)
É evidente que as economias das províncias não são autônomas, não são independentes do mercado capitalista nacional e internacional.
Entretanto, as Províncias possuem as suas especificidades.
O desmonte dos investimentos estatais na economia, pesou muito em Sergipe. O setor industrial desabou. A saída da Petrobrás foi a última pá de cal.
Como o agronegócio em Sergipe se resume a pequenas roças de milho e o setor terciário é dominado pelas redes nacionais e internacionais, o setor empresarial nativo, ficou reduzido a pequenos nichos.
Na Província de Sergipe, a classe economicamente dominante nada domina, além das suas caixas registradoras. As entidades representativas são controladas por políticos. Aceitam um papel passivo na sociedade, como forma de sobrevivência.
Um empresário local bem-sucedido, expressou o seu pensamento sobre o futuro de Sergipe, em entrevista num site jornalístico. Li, reli umas 4 vezes, em busca de uma ideia, uma luz, um diagnóstico. E nada! Só bobagens e senso comum. Indigência intelectual absoluta ou simulação, com medo das consequências frente ao poder político?
A meia dúzia de ricos, mesmo para os padrões provincianos, vive de rendas do mercado financeiro ou imobiliárias. Os investimentos produtivos são arriscados.
Nessa penúria, a vida econômica gira em torno do Poder Público. Dito de outro modo, na imensa maioria dos municípios, as prefeituras tornam-se o centro da economia local. A mesma lógica se aplica ao estado.
Historicamente, a cana e o gado dominaram a política. Hoje, a política controla a sub economia sergipana. Por isso, quem comanda a máquina pública controla a economia e as eleições.
Ganha as eleições em Sergipe, geralmente, quem está no comando da máquina pública. Durante décadas, a Secretária da Saúde elegeu o seu comandante com grandes votações. Essa fonte secou, mas outras jorraram.
O mundo político é um caminho generoso para o sucesso empresarial. A entrada de empresários diretamente na política, significa o crescimento exponencial das suas empresas. Em Sergipe, essa relação é aberta e elogiada.
Por outro lado.
Alguns agentes públicos, que comandam secretárias suculentas, migram para o setor empresarial, ainda nos cargos, sem o mínimo pudor. Ostentam sinais de riqueza de forma acintosa. Tem exemplos, onde a promiscuidade é tão evidente, que prescindem de investigações.
Em Sergipe, uma economia forte, regida pelo mercado, não é do interesse do mundo político que comanda o Poder. Pelo contrário, seria o seu enfraquecimento.
Recentemente, a Assembleia Legislativa contratou a Fundação Dom Cabral para elaborar um diagnóstico. Um perfeito “Mise-en-Scéne”.
Na verdade, o bloco político que comanda o Poder Público em Sergipe se sustenta na pobreza, na desinformação e na dependência política do setor econômico.
Existem para cuidar dos próprios interesses. Em qualquer localidade pobre de Sergipe, os que cuidam dos afazeres da política vivem das regalias. As exceções são raras e pagam um alto preço, para desestimular os idealistas.
Quem ordena despesas em Sergipe, por comandar os orçamentos públicos, controla a economia, a imprensa, o esporte e a cultura. Controla a vida.
Uma velha raposa, quando estava no Governo de Sergipe, doou a imagem de um Santo a uma Paróquia, aqui em Aracaju. Como contrapartida, foi convidado a puxar a procissão daquele Santo, na data sagrada, carregando a dita imagem nos braços. Não saiu no andor principal, porque tinha medo de alturas.
Quem quiser, bote a carapuça!
É essa uma encruzilhada na Província de Sergipe.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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