domingo, 4 de agosto de 2019

MELANCOLIA...


Melancolia... (por Antônio Samarone)

As doenças também são históricas: aparecem, causam sofrimentos, ficam importantes, assumem ares de gravidade e depois somem. Deixa-se de se falar...

Na antiguidade se conhecia a mania e a melancolia (ou simplesmente a loucura). O livro “De Causis et Signis Morborum”, Areteus (AD 150 – 200), descreveu a melancolia: “os pacientes são obtusos, desanimados, lentos, irritados e insones. São inclinados a mudar de pensamento rapidamente, podem ser medíocres, extravagantes e generosos. Manifestam ódio, evitam a convivência, se queixam da vida e querem morrer.

A melancolia foi uma doença grave até o século XVIII. O melancólico se isola, delira, tem medo de ser perseguido, sofria alucinações profundas. A melancolia era um modo severo de distúrbio mental. Na visão hipocrática, a melancolia era causada pelo excesso de bile negra (mélaina cholé). 

A melancolia era vista como um começo, uma parte da mania. Os psiquiatras franceses do século XIX, criaram a psicose maníaco depressiva (PMD). Kraepelin (alemão) incorporou a PMD em seu Manual de Psiquiatria (1899).

O tratamento da melancolia no século XVI: exercícios, distrações, viagens, purgantes, sangrias, dietas e moderação sexual. A musicoterapia também era apreciada. Uma recomendação que está na Bíblia, no livro de Samuel [16:23]: “E aconteceu quando o espírito ruim de Deus estava sobre Saul, que David tomou a harpa, e tocou-a com a sua mão: assim Saul refrescou, e ficou bem, e o espírito ruim partiu dele.”

A loucura melancólica era vista como a única resposta de um homem inteligente para um mundo louco. A melancolia saiu de moda. Alguns apressados afirmam que a depressão é o nome atual da melancolia. Não vejo essa continuidade, são doenças distintas... Poderíamos dizer: a depressão herdou alguns sintomas da melancolia, e só.

Antônio Samarone.

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