José
Abud (80 anos), filho de pais sírios, de Aleppo. Inscrição nº 125 do CRM
Sergipe. Professor de propedêutica de várias gerações de médicos, um virtuose
da medicina artesanal. Um olhar clínico aguçado, remanescente de uma medicina
feita com as mãos (palpação, percussão, toque), com os ouvidos, enfim, com os
sentidos. Uma medicina centrada na história do paciente, em lembranças,
reminiscências, recordações (anamnese). Uma medicina onde os exames eram realmente
complementares, e se houvesse discordância entre o resultado dos exames e a
clínica, prevalecia a última. A clínica era soberana. Como nos ensinou o
professor José Abud: a medicina é uma disciplina das humanidades, não é um ramo
da economia (não era).
Formado
pela Escola Baiana de Medicina em 1961. Retornou a Sergipe, indo clinicar no
Hospital de Cirurgia. Médico do INAMPS. Especializou-se em geriatria em 1969,
sendo o primeiro geriatra de Sergipe. Depois de se tornar um médico
conceituado, com clientela abundante, resolveu voltar aos bancos escolares, formando-se em educação física, aos 69 anos.
Poeta,
com livros publicados. Durante vários anos comandou um suplemento literário da
Gazeta de Sergipe. O Dr. José Abud é membro das Academias Sergipana de Letras e
da Academia Sergipana de Medicina. No momento, aos oitenta anos, continua
atendendo os seus pacientes com dedicação e competência. José Abud, é de uma geração
de médicos que cumpriu um ciclo numa medicina humanizada, centrada no colóquio
singular médico/paciente.
Dúvida
“Como aceitar
que essa boca
que tanto ofende
beije?
Que estes punhos cerrados
Se abram mão que
acariciem?
Que estes olhos
Injetados de ódio
Se torne serenos
e límpidos?
Que esse corpo
tenso de rancor
se abandone,
lânduido,
ao amor?”
José Abud
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