A medicina comercial...
A Saúde emergiu como um
direito na segunda metade do século XX, transformando-se num bem desejado. Duas
visões sobre a saúde entraram em conflito: a qualidade de vida, alimentação,
saneamento, higiene, cuidados de saúde, educação, etc. seriam as pré-condições
para a saúde; ou o direito à saúde seria apenas o acesso aos serviços de saúde.
No Brasil prevaleceu a segunda opção.
No passo seguinte, década
1990, os serviços de saúde assumiram a condição de atividade econômica (10% do
PIB), regida pelas leis de mercado. Como consequência, o trabalho médico
prestado até então em forma de cuidados (valor de uso), ao assumir a condição
de mercadoria incorporou a sua forma, tornando-se impessoal e padronizado. O
trabalho médico foi fragmentado em procedimentos (4.600, segundo tabela da
AMB), numa linha de montagem descoordenada, permitindo a sua realização enquanto
(valor de troca), viabilizando a organização comercial dos serviços de saúde,
centrada no lucro.
A subjetividade dos antigos
cuidados médicos, prestados de forma artesanal, era inadequada para a
exploração capitalista. Em sua forma de mercadoria, os serviços de saúde são
fetichizados, apresentando-se como condicionantes da saúde das pessoas, na clássica
inversão das essências pelas aparências. O antigo paciente virou consumidor.
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