segunda-feira, 3 de abril de 2017

A MEDICINA COMERCIAL

A medicina comercial...

A Saúde emergiu como um direito na segunda metade do século XX, transformando-se num bem desejado. Duas visões sobre a saúde entraram em conflito: a qualidade de vida, alimentação, saneamento, higiene, cuidados de saúde, educação, etc. seriam as pré-condições para a saúde; ou o direito à saúde seria apenas o acesso aos serviços de saúde. No Brasil prevaleceu a segunda opção.

No passo seguinte, década 1990, os serviços de saúde assumiram a condição de atividade econômica (10% do PIB), regida pelas leis de mercado. Como consequência, o trabalho médico prestado até então em forma de cuidados (valor de uso), ao assumir a condição de mercadoria incorporou a sua forma, tornando-se impessoal e padronizado. O trabalho médico foi fragmentado em procedimentos (4.600, segundo tabela da AMB), numa linha de montagem descoordenada, permitindo a sua realização enquanto (valor de troca), viabilizando a organização comercial dos serviços de saúde, centrada no lucro.


A subjetividade dos antigos cuidados médicos, prestados de forma artesanal, era inadequada para a exploração capitalista. Em sua forma de mercadoria, os serviços de saúde são fetichizados, apresentando-se como condicionantes da saúde das pessoas, na clássica inversão das essências pelas aparências. O antigo paciente virou consumidor.

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