terça-feira, 11 de agosto de 2015

INSTITUTO PARREIRAS HORTAS





Instituto Parreiras Hortas.

Antonio Samarone de Santana.

No começo do Governo Graccho, em 14 de novembro de 1922, a lei n.º 836, em seu artigo 4º, letra K, autorizou a fundação de um Instituto voltado para a Saúde Pública. Em 23 de julho de 1923, a pedra fundamental foi lançada. O projeto era construir, ao mesmo tempo, um Instituto Pasteur, voltado para o combate à raiva; um Instituto Vacinogênico, para a produção da vacina anti-varíola e um laboratório de análise clínica, bacteriológica e química; e que também funcionasse como um centro de pesquisas médicas.

Entregou a responsabilidade a um médico (clínico e dermatologista), cientista experiente, diplomado pelo Instituto Pasteur na França, o ilustre Dr. Paulo de Figueiredo Parreiras Horta. O Instituto foi construído em tempo recorde de apenas oito meses. Em 05 de maio de 1924, ocorreu a sua festiva inauguração.

O Governador do Estado, em seu discurso durante a inauguração do Instituto, expressou uma esperanças: “Sabemos que nossa Capital é tida como uma das cidades mais infamadas, avultando-se novamente o perigo de algumas febres, dizem, de origem desconhecida pelo próprio Oswaldo Cruz, que as denominou como nossas, capitulando como exclusivamente nossos os germes de que elas se geram. Que febres serão essas, que sob o encanto destas paisagens sorridentes, encontrou o seu foco ou o seu berço?


Essa tarefa o Instituto Parreiras Horta cumpriu com competência. Não somente esclareceu a etiologia dessas febres (identificadas como tifóides), como conseguiu o isolamento dos germes e a fabricação de uma vacina oral, por meio de pequenas modificações de um método do Instituto Pasteur. Na verdade, as febres do Aracaju eram o pesado tributo pago pela população mais pobre às péssimas condições sanitárias da Capital.

Essa vacina contra as febres tifóide e paratifóide, que no Brasil foi produzida pela primeira vez em Sergipe, era obtida cultivando-se várias amostras de bacilos tíficos e paratíficos “A” e “B”, em garrafas contendo ágar inclinado. No fim de 24 horas, as culturas eram retiradas da superfície do ágar e emulsionadas em água fisiológica esterilizada. Fazia-se a contagem dos germes, previamente mortos com iodo, no hematímetro de Thoma-Zeiss. A solução era diluída a 2% numa solução decinormal de iodo. Após esse processo, a vacina resultante era distribuída em ampolas de 5, 10 e 20 cm3.

A vacina era empregada via oral, 20 gotas diluídas em água, tomadas em jejum, durante três dias consecutivos. Quanto à eficácia da vacina, hoje sabemos que era quase nula, mas, na época, como houve uma importante redução na incidência das febres, por outros motivos, o sucesso foi atribuído automaticamente à vacinação em massa praticada em Sergipe.

Na visão de Augusto Leite: “O Instituto Parreira Horta dilatou os horizontes da clínica, abrindo para Sergipe uma nova e promissora fase. É amparado no homem de laboratório que o clínico de hoje caminha. O cirurgião e o médico volta e meia lhe vão pedir orientação terapêutica, a confirmação de um prognóstico mal seguro ou a traça de uma doença que é só observação lhes não permite descobrir e autenticar."

Atualmente, esse relevante prédio público aguarda um destino condizente com a sua história, simbolo da introdução medicina cientifica em Sergipe.

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