segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Médicos e Curandeiros (parte II)




Médicos e Curandeiros (parte II)
 
Antônio Samarone.
Academia Sergipana de Medicina.

 
E, finalmente, a medicina ainda travou outro combate no século XIX antes de consolidar sua exclusividade: foi a luta contra os homeopatas. O médico alemão Samuel Christian Friderich Hahnemann (1755 – 1843) publica o seu “Organon der rationellen heilkunde” (“Organon da arte de curar”) em 1810, em Dresden, onde expõe o seu método terapêutico (similia similibus curantur). As bases da homeopatia estavam lançadas.
O Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, é apontado como o primeiro brasileiro a dedicar-se ao estudo da homeopatia, era amigo pessoal de Hahnemann com quem mantinha correspondência regular.  
A partir de 1840 a homeopatia começa a ser praticada no Brasil por profissionais. Os principais introdutores foram o francês Benoit Jules Mure (1809 – 1858), e o médico português João Vicente Martins (1808 – 1854). Em 10 de março de 1844 eles fundaram no Rio de Janeiro o “Instituto Homeopático do Brasil”, sendo o Doutor Bento Mure o seu primeiro Presidente. Em 1845, fundaram a “Escola Homeopática do Brasil”, visando a formação profissional, um curso com duração de três anos, tendo o mesmo Bento Mure como diretor. A mesma lei que criou as Faculdades de Medicina no Brasil (1832) definia que o ensino era livre, o que ensejou a criação de escolas de Homeopatia independentes.
Essa batalha contra a homeopatia, iniciada na segunda metade do século XIX, só veio encontrar uma solução aceitável para a medicina oficial na década de 1990, quando a homeopatia foi incorporada como uma nova fração do campo médico. O Conselho Federal de Medicina, órgão autofiscalizador e, em parte, regulamentador do campo médico, definiu por resolução interna, que a homeopatia não era mais maldita, e que podia ser praticada legalmente, desde que exercida por médicos.

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