Médicos e Curandeiros (parte II)
Antônio Samarone.
Academia Sergipana de Medicina.
E,
finalmente, a medicina ainda travou outro combate no século XIX antes de
consolidar sua exclusividade: foi a luta contra os homeopatas. O médico alemão
Samuel Christian Friderich Hahnemann (1755 – 1843) publica o seu “Organon der
rationellen heilkunde” (“Organon da arte de curar”) em 1810, em Dresden, onde
expõe o seu método terapêutico (similia similibus curantur). As bases da
homeopatia estavam lançadas.
O Patriarca
da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, é apontado como o primeiro
brasileiro a dedicar-se ao estudo da homeopatia, era amigo pessoal de Hahnemann
com quem mantinha correspondência regular.
A partir de
1840 a homeopatia começa a ser praticada no Brasil por profissionais. Os
principais introdutores foram o francês Benoit Jules Mure (1809 – 1858), e o
médico português João Vicente Martins (1808 – 1854). Em 10 de março de 1844
eles fundaram no Rio de Janeiro o “Instituto Homeopático do Brasil”, sendo o Doutor
Bento Mure o seu primeiro Presidente. Em 1845, fundaram a “Escola Homeopática
do Brasil”, visando a formação profissional, um curso com duração de três anos,
tendo o mesmo Bento Mure como diretor. A mesma lei que criou as Faculdades de
Medicina no Brasil (1832) definia que o ensino era livre, o que ensejou a criação
de escolas de Homeopatia independentes.
Essa batalha
contra a homeopatia, iniciada na segunda metade do século XIX, só veio
encontrar uma solução aceitável para a medicina oficial na década de 1990,
quando a homeopatia foi incorporada como uma nova fração do campo médico. O
Conselho Federal de Medicina, órgão autofiscalizador e, em parte, regulamentador
do campo médico, definiu por resolução interna, que a homeopatia não era mais
maldita, e que podia ser praticada legalmente, desde que exercida por médicos.
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