Primeira Campanha contra a Poliomielite em SERGIPE (1962).
Diante de um
surto de paralisia infantil no Estado de Sergipe, no final de Março de 1962,
compareceu ao Estado o Dr. Getúlio Moura Lima, Diretor do Departamento Nacional
da Criança, ligado ao Ministério da Saúde, visando fornecer as condições para
que o Estado realizasse sua primeira campanha de massa para vacinação contra a
pólio.
Em abril de 1962
foi organizada uma comissão, formada pelas autoridades sanitárias do Estado,
para iniciar uma ampla campanha de combate à paralisia infantil. A comissão foi
formada pelo Secretário da Educação e Saúde, Dr. Antonio Garcia; pelo Delegado
do Departamento Nacional da Criança, Dr. João Cardoso; pelo Diretor do
Departamento de Saúde Pública, Dr. Juliano Simões; e pelos Representantes da
Saúde do Município, Dr. Adel Nunes; da LBA, Dr. Sílvio Santana; do DNERU,
Alexandre Menezes, do Parreiras Horta, Teotonilo Mesquita e do Dr. João
Batista, pelo Serviço Cooperativo do Estado. A previsão era a de aplicar-se 25 mil doses da
vacina Sabin num período de vinte dias. As vacinas foram fornecidas pelo
Ministério da Saúde.
Foi também criada
uma comissão de mobilização formada pelos médicos Paulo Carvalho, José Machado
de Souza, Gileno Lima, Walter Cardoso, e dois acadêmicos de medicina. Ficou definido
que entre os dias 24 a 29 de abril de 1962, todas a crianças de Sergipe entre
quatro meses e seis anos de idade, deveriam ser vacinadas em Aracaju. Houve uma
grande mobilização em todo o Estado. A campanha foi coordenada pelo Dr. João
Cardoso.
Os locais de
vacinação foram descentralizados pelas unidades de Saúde existentes em Aracaju
naquele momento. Foram 22 locais escolhidos: Postos de Saúde do Palácio Serygi,
Dona Jove (B. Industrial), Dona Sinhazinha (B. Grageru), Carlos Menezes (B.
Santo Antonio), Antonio Alves (Atalaia), LBA, Centro Professor Martagão
Gesteira (Hospital de Cirurgia), Posto Médico do Mosqueiro. Os demais locais de
vacinação foram instalados em Escolas e outros prédios públicos.
Exatamente na
data prevista, 24 de abril, as 07 horas da manhã, o Governador Luiz Garcia
abriu a campanha, colocando as gotinhas na boca da primeira criança. No
primeiro dia foram imanizadas mais de oito mil crianças. Somente de Itabaiana,
o Prefeito Euclides Paes Mendonça trouxe mais de mil, em quarenta veículos. Eu
estava nessa comitiva. Mesmo com oito anos, e a vacina sendo indicada até os seis
anos, minha mãe achava que seria bom eu me proteger, e me empurrou em um dos
ônibus. Talvez por isso, no final faltaram vacinas. Das 30 mil doses enviadas
pelo Ministério, até penúltimo dia já tinham sido aplicadas 29.854 doses. Na
sexta-feira, dia 29 de abril, dois ônibus de Campo do Brito e Itabaiana
voltaram sem ter conseguido vacinar as crianças. A vacina acabou.
Essa foi a minha
segunda visita a Aracaju. Com um ano de idade, fui trazido as pressas para
retirada de um tumor no peito, no Hospital de Cirurgia, e fui salvo pelas mãos
do Dr. Airton Teles, filho de Itabaiana. Voltei aos oito anos para me vacinar.
Nessa viagem, quando a marinete passava pela Av. Maranhão, perto do antigo
aeroporto, alguém gritou: olhe um avião! Eu ouvi a zoada, e como nunca tinha
visto um avião, incontinente, botei a cabeça para fora pela janela. Além de não
avistar nada, o chapéu novo, de couro, comprado só para a viagem, voou de minha
cabeça. Eu nem vi a invenção de Santos Dumont, e ainda por cima perdi o meu chapéu.
Fui vacinado na LBA.
Antonio Samarone.
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