segunda-feira, 30 de julho de 2018

SERGIPANIDADE



Sergipanidade.

O Nordeste geográfico sempre existiu. O Nordeste enquanto formação cultural, foi uma criação recente, e ainda está em construção. Vários movimentos, iniciativas e personagens contribuíram para a consolidação da atual narrativa nordestina. Canudos, Padre Cícero, Cangaço, Luiz Gonzaga, Suassuna, entre outros, criaram o Nordeste cultural.

Entre os movimentos germinadores do Nordeste cultural se destaca o Manifesto Regionalista de 1926. Um grupo de intelectuais pernambucanos, liderados por Gilberto Freire, resolveu abrir um debate sobre nossas coisas, nosso modo de vida e nossos valores. Deu certo, a cultura nordestina hoje tem amplo destaque nacional.

O Manifesto Regionalista de 1926 foi um movimento de reabilitação dos valores regionais e tradicionais do Nordeste. Segundo Gilberto Freire: “Talvez não haja região no Brasil que exceda o Nordeste em riqueza de tradições ilustres e em nitidez de caráter. Vários dos seus valores regionais tornaram-se nacionais depois de impostos aos outros brasileiros menos pela superioridade econômica que o açúcar deu ao Nordeste durante mais de um século do que pela sedução moral e pela fascinação estética dos mesmos valores.”

Em Sergipe as coisas não andam. A atávica baixa estima nos oprime. Nada em Sergipe é valorizado. As festas, as danças, as músicas, as literaturas não versam sobre as coisas de Sergipe. Salvo em casos isolados. Só as manifestações folclóricas são consistentes. Mesmo quando Sergipe é protagonista, não consegue destaque. Como falar em Sergipanidade? Não é a fragilidade econômica que impede a afirmação cultural de Sergipe.

Um breve exemplo: o Cangaço, com a sua estética, tem peso importante na construção da cultura nordestina. A nossa quadrilha afrancesada virou um bailado popular inspirado no Cangaço. Sergipe poderia liderar nesse campo, afinal, Poço Redondo foi cenário decisivo. Os descendentes de Lampião são sergipanos. Não estou discutindo se Lampião é bandido ou herói, esse é outro papo. A verdade é que Lampião se tornou lenda, e as lendas são construções livres do imaginário popular.

Fui a missa dos 80 anos da morte de Lampião, na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe. Um evento que atrai muita gente. Os hotéis de Piranhas, Alagoas, estavam lotados.

Mas um detalhe: vejam o cenário da missa. Pela foto, onde fica a Grota do Angico?
Antonio Samarone.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

DEMOCRACIA DIRETA



Democracia direta 

A discussão entre a democracia direta e a democracia representativa já esteve na ordem do dia. A Constituição de 1988 abriu espaços para a criação de ouvidorias, conselhos consultivos, conselhos deliberativos, audiências públicas, portais de transparências e outras formas de controle social. Eram formas incipientes de democracia direta.

A ideia era o cidadão controlar diretamente os poderes, sem enfraquecer os controles formais (parlamentos, tribunais de contas, ministérios públicos, etc.). Uma militância cidadã apostou nos Conselhos (saúde, educação, idosos...), em torna-los paritários e deliberativos. No papel se conseguiu certos avanços. Na prática, eu tenho lá as minhas dúvidas. A cidadania não funciona fragmentada. Hoje é o poder que cria os conselhos, quando lhe interessa.

Houve governantes que marcavam um dia na semana para receber o povo em audiência. Cada um levava as suas queixas e desejos. O líder, diretamente, dava um encaminhamento. De pedidos de emprego ao calçamento de ruas. A pauta era infinita: um ponto em via pública para vender umas coisinhas, transferências de um funcionário, soltar um filho preso injustamente, etc. Os pedidos maiores eram em audiências privadas, feitos por gente graúda.

A utopia da democracia direta, da Ágora grega, chegou a outros ensaios. O “Modo Petista de Governar” (lembram-se?) inventou o orçamento participativo. Comitivas de gestores iam de bairro em bairro realizando assembleias. Escolhiam-se delegados para uma plenária geral, onde as prioridades seriam aprovadas. As autoridades juravam que seriam cumpridas.

Isso tudo é passado, é história. A democracia direta agora é outra. Gestores estão usando as redes sociais, entrando ao vivo, para baterem papo com internautas. Uma conversa direta do líder com as pessoas. O líder desligado dos partidos, das ideias e dos projetos; e as pessoas atomizadas, cada uma em seu canto, cobrando pequenas providências ou reclamando de promessas não cumpridas. Um esgoto estourado, a vacina que faltou, a lâmpada que não foi trocada, etc.

Essa Ágora virtual só tem vantagens para o líder: ninguém pede favores pessoais em público, as respostas podem ser seletivas e gente alugada pode entrar só para elogios. As pessoas estão ali atomizadas, desorganizadas, numa relação despolitizada. Qualquer crítica ou observação incômoda vira uma questão pessoal, facilmente deslegitimada. O contraponto do líder é simples: “só você não enxerga as coisas boas que eu estou fazendo”. 

Foi a essa democracia que chegamos. Claro, o jogo real de influencias, favores e privilégios não passa por essa “mise en scène”. Mesmo assim, não quero nenhum tipo de ditadura. É melhor essa democracia de audiências do que tiranos e salvadores da pátria.

Antonio Samarone.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

FREUD EXPLICA...



Freud explica.

A psicanalise de um anúncio de jornal, por Garcia Moreno, médico sergipano, já falecido.

O anúncio pela imprensa e pelo rádio é objeto de uma atividade especializada, onde os conhecimentos da psicologia têm ampla aplicação. Dizia Garcia Moreno: “O racional e o afetivo, a sugestão e a convicção, tem o seu lugar próprio, a convocação estratégica, na redação de um anúncio.
Garcia Moreno, ia mais longe:

O publicitário fita o mundo subterrâneo do sentimento e das tendências instintivas para impor, de maneira certa e segura, quase irracional, automática, com o império de um estimulo associativo, a sugestão útil e calculada.

Quem quiser que manuseie as revistas ilustradas deste doce mês de dezembro, mês dos presentes e dos orçamentos atomizados, e veja as seduções psicológicas dos anúncios.

Mas não é tais anúncios que ele analisava, eles são evidentes, não demandam a ginástica mental de uma psicanálise.
Já o anúncio abaixo é mais discreto.

O.M.L.
“Não decepador de boca, por ser consciente nos serviços de clínica dentária. Especialista no aproveitamento dos dentes, inclusive os condenados ao boticão e a lata do lixo, com rara exceção. Não pagará um centavo, se o trabalho de clínica ou prótese não for perfeito.” (O Nordeste, de 20/12/1952 – 1ª pag., 3ª coluna.).

É sobre esse anuncio banal, que Garcia Moreno aplica a doutrina freudiana da psicanálise. Vamos a bela   ginastica do nosso intelectual:

Note-se que castrar e castigo são galhos de uma mesma árvore etimológica. A castração é, pois, o supremo castigo, experimentado e vivido, com suprema angústia, na pré-história da personalidade. Se a chamada amnesia infantil varre-a do campo da consciência, vai viver, para sempre, na obscuridade do inconsciente, dissimulada mais ardente, como fogo de monturo.

Na mecânica psíquica, transmuta-se nas realidades simbólicas. Qualquer mutilação corpórea é um nexo de associação inconsciente que reacende a ansiedade do temor remoto da castração.
Psicanaliticamente, a queda dos primeiros dentes tem o sentido vivencial inconsciente de uma castração imposta pela mãe natureza, tão poderosa quanto o pai vingador.

Mas a natureza é ambivalente e generosa. Castra, arrancando os dentes. Apiedada, regenitaliza com a segunda dentição. Ao trauma psíquico, da simbólica castração dentária segue-se o momento triunfal da refalização com os novos dentes que repontam, com o sentido exato de natural compensadora prótese genital.

Note-se que o dentista do anúncio é castrador e refalizador, um especialista no reaproveitamento dos dentes. O odontólogo dos primeiros tempos, dos passos iniciais da profissão, era o tira dentes, o castrador por excelência.

O clássico horror ao dentista mutilador tem uma razão bem mais profunda do que a dor do arrancamento em si mesma. É a revivescência do medo ansioso da castração.

O odontólogo moderno, com a sua engenharia de pontes e os recursos da prótese atual, faz renascer no homem aquele menino, perdido de contentamento, com a sua alegria de regenitalizado, no triunfo inefável de quem sente, na 3ª dentição, a realização compensadora e suspirada.

Quem repara na expansão jubilosa dos que inauguram uma dentadura nova, anatômica e funcionalmente perfeita, enxerga algo mais do que o prazer do sentimento estético da fachada humana reconstituída ou da fisiologia restabelecida.

O dentista é identificado a mãe natureza generosa e apiedada, que regenera, simbolicamente, o pênis e mergulha mais fundo, no inconsciente do homem, o complexo trágico da castração.

Prometer no anuncio “não decepar a boca”, primeira zona de fixação exógena da criatura, “aproveitar os dentes condenados ao boticão”, constituem uma projeção de vivências e uma mensagem de maravilhosa intuição, endereçada aos permanentes anseios de refalização do homem.

O artigo analisado foi publicado por Garcia Moreno, numa revista médica de 1953.

Antonio Samarone.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

UMA ENRASCADA



Uma enrascada.

O quiproquó na política vem se agravando no Brasil. Parece sem rumos. Encontrei na feira com Seu Jovino, vendendo a farinha redonda de Itabaiana. Conheço o Seu Jovino faz tempo, cabo eleitoral nas Caraíbas. De família tradicional no povoado. Sempre votou em quem o chefe político mandava.

Eu, metido a intelectual, puxei logo conversa e perguntei pela política. Aquela conversa mole. E aí, Seu Jovino, já começou a campanha eleitoral nas Caraíbas? No fundo, eu queria saber em quem ele ia votar. Tomei um susto com a resposta. Seu Jovino tá injuriado com a política. Me disse que não vota mais em ninguém, e vai rasgar o título. Surpreso, eu ponderei: e quem vai comandar o país? Não votar é pior, escolhe-se o melhorzinho.

Seu Jovino não se acanhou: sei lá, entrega a Moro, a Edir Macedo, aos militares, aos juízes, aos padres, a rede Globo, ao mercado, só não pode ficar com os políticos, nenhum presta. E eu, cá comigo, fiquei sem ter o que dizer a Seu Jovino? Não soube nem por onde começar.

Doutorrrrrr, disse Seu Jovino com uma ponta de ironia, se eu tivesse alguma leitura, vendia tudo, e ia para Portugal. Soube que lá eles aceitam quem tiver um dinheirinho para se manter e, graças a Deus, eu tenho. Os filhos estão criados, ia eu, com a minha senhora. E quem sabe, eu botaria um Mercadinho Itabaiana por lá. Ia vender farinha boa, feijão de corda, castanha do Carrilho, inhame do Malhador e amendoim de Moita Bonita. Não vou porque não sei ler.

Me calei, comprei dois quilos de farinha, e fui embora.

Antônio Samarone.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

CEM ANOS DA GRIPE ESPANHOLA EM SERGIPE.



Cem anos da gripe espanhola em Sergipe

Em 20 de outubro de 1918, aportou em Aracaju o Vapor Itapacy, com seis pessoas infectadas pela gripe espanhola. Os enfermos foram encaminhados ao Lazareto, para a devida quarentena, dois morreram. Em 04 de novembro, a gripe tinha se espalhado pelo estado. Foi a nossa última epidemia, a se manifestar de forma pestilencial.

O Governo em pânico apressou-se em constituir uma equipe médica, para enfrentar a Peste. Octaviano Melo, diretor da Saúde Pública, e Pimentel Franco, diretor da Assistência Pública, enviaram convites para todos os médicos do estado. Aceitaram a convocação os dr. Álvaro Teles, Berillo Leite, Jessé Fontes, Carlos Menezes, Silva Melo, Alexandre Freire e Eronides de Carvalho. Rejeitaram a missão Augusto Leite e Helvécio Andrade, alegando falta de tempo. Pela falta de médicos, o Governo foi obrigado a comissionar farmacêuticos.

Augusto Leite respondeu desta forma a convocação da Saúde Pública: “Em resposta ao vosso oficio, cumpre-me dizer-vos que não é possível acudir o vosso apelo, pois a orientação e distribuição dos trabalhos impostos, por essa Diretoria, aos profissionais, não se coadunam com os meus encargos de médico do hospital Santa Izabel e com os meus serviços, agora redobrados, de clínico nesta capital.”

Como os recursos do Departamento de Saúde Pública eram insuficientes para enfrentar a Peste de gripe espanhola, a sociedade mobilizou-se para ajudar. Destacaram-se nesse combate a Loja Maçônica Cotinguiba, Associação Comercial, Escola Salesiana, Hospital Santa Izabel, Asilo Rio Branco, as fabricas Sergipe Industrial e Confiança.

Na falta de médicos, o padre Abílio Mendes montou um posto de atendimento na farmácia de Cesartina Regis, no bairro Santo Antônio. O estado entrou em pânico com a gravidade da gripe. No início de 1919, em menos de quatro meses, já haviam sido registrados 25.910 casos de gripe espanhola em Sergipe, com 997 óbitos. As duas cidades mais atingidas foram Aracaju, com 229 óbitos; e Itabaiana, com 120 óbitos. A gripe espanhola dizimou a população em Sergipe, com todas as características de uma Peste. Foi a última.

Antonio Samarone.

domingo, 8 de julho de 2018

SÓ É VELHO QUEM QUER?



Só é velho quem quer?

O brasileiro está envelhecendo rapidamente. Já somos 30 milhões de velhos, daqui a doze anos, seremos 65 milhões. Os países ricos envelheceram em cem anos, nós estamos envelhecendo em vinte, e ainda pobres. Na França, foram necessários 145 anos para dobrar a proporção de idosos de 10% para 20%, de 1845 a 1990. No Brasil, a população passará dois atuais 14% com mais de 60 anos, para 31% daqui a trinta anos.

Esse envelhecimento muda as doenças prevalentes, explode os custos e exige outro modelo de assistência médica. O Brasil não está se preparando para essa nova realidade. No atendimento médico, precisamos hoje de 15 mil geriatras, um geriatra para cada 2 mil idoso (OMS). Temos mil e trezentos geriatras no Brasil. Sergipe tem menos de vinte. O médico formado esse ano, no final da carreira, em 2070, o Brasil estará com 78 milhões de idosos.

No Brasil usamos uma fraude da autoajuda, para escondermos o envelhecimento da população. “Velhice é uma questão de cabeça”. “Só envelhece quem quer”. Entre outros chavões. Em síntese, não existem velhos, somos idosos com a mente de jovens, estamos na melhor idade. A imprensa reforça mostrando uma senhora de 90 anos saltando de asa delta ou atravessando o Canal da Mancha a nado. Entretanto, não é essa a realidade dos idosos. A única alternativa eficaz para evitarmos a velhice é morrer cedo. Convenhamos, não é uma boa saída.

Se não existe a velhice, com os seus agravos e padecimentos, não precisamos nos preparar para o crescente envelhecimento da população. A qualidade de vida e o envelhecimento saudável são negados, e a velhice e a morte ocultadas. Predomina a ideologia da felicidade e da juventude eternas. Daqui a cinco anos teremos mais velhos do que jovens.

As 300 escolas de medicina do Brasil acreditam na autoajuda, ignoram o envelhecimento. A anatomia, a fisiologia, a clínica, a terapêutica são ensinadas sobre adultos jovens. Poucas ensinam geriatria. No idoso tudo muda: as doses dos medicamentos, os sintomas, a evolução, as respostas e os objetivos dos tratamentos. A geriatria é ontologicamente holística e, via de regra, a medicina comercial, baseada em procedimentos, é iatrogênica para o idoso.

Antonio Samarone.    

sexta-feira, 6 de julho de 2018

IMORTAIS DE PROVÍNCIA



Imortais de província...

Maceta (Agdo Oliveira Santos, nos documentos), filho de Zé Bigodinho e Dona Irene, da cepa dos ferreiros. Nascido à 11 de junho de 1950. Encarnou o típico Itabaianense: xistoso, ácido, irônico por índole e sarcástico por necessidades. Maceta era temido e invejado, por sua inteligência anárquica e desconcertante.

Maceta faleceu há 26 anos, em 06/01/1992, ainda jovem, mas em qualquer bate-papo entre Itabaianenses da sua geração, as suas estórias são contadas e recontadas. Suas graças, tiradas, armações, sátiras são relembradas. A capacidade criativa de Maceta era infinita. A companhia de Maceta era disputada. O papo inteligente, as piadas, gracejos, e causos reais e inventados. Maceta conhecia a alma humana.

Maceta foi advogado, formado na tradicional escola do Recife. Viveu intensamente, ignorando regras e convenções. Um boêmio a moda antiga. Maceta construiu uma narrativa bem-humorada da província. Não deixou nada escrito, mas as suas estórias circulam no boca-a-boca. Maceta não foi rico, nem poderoso, nem importante, mas construiu um mundo simbólico. Alargou a vida da sua aldeia, botando uma boa pitada do universal.

Antonio Samarone.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

O MERCADO DAS DOENÇAS NO BRASIL (OS PLANOS DE SAÚDE).



O mercado das doenças no Brasil (Os Planos de Saúde)

Através de portaria, a Agência Nacional de Saúde (ANS) autorizou aos Planos de Saúde, ou melhor, aos Planos de Doenças, repassar para aos seus clientes até 40% das despesas (coparticipação); e a criação de franquias (como seguro de automóvel). Um presente do Governo Temer as operadoras desses planos; e uma bomba no colo da classe média. Qual é a realidade da medicina comercial no Brasil?

Em abril de 2018, esses planos de saúde cobriam 22,7% da população (em Sergipe 13%), e as despesas em 2017, passaram dos 150 bilhões. É um sistema de venda procedimentos (exames, consultas, intervenções cirúrgicas, internações, próteses, etc.). Procedimento é a forma assumida pelo cuidado médico ao se tornar mercadoria. Em 2017, os planos de saúde venderam 1,7 bilhões de procedimentos.

Em 2030, sem mudar a taxa de cobertura, só com o envelhecimento da clientela e a variação dos preços médicos hospitalares; as despesas chegarão a 383 bilhões, com 2 bilhões de procedimentos comercializados. Um grande negócio, mas que pode não ter sustentabilidade. Quem vai pagar essa conta?

Sem contar que esse modelo de consumo de procedimentos e medicamentos, que movimenta a economia, pouco tem a ver com a saúde da população. Limita-se a recomposição de funções orgânicas, ao controle de algumas doenças e a solução de outras. Sempre na esfera individual. O sistema privado de assistência tem reduzido impacto epidemiológico. No geral, a oferta condiciona o consumo; tendo como consequência a iatrogenia.  

Sei que você está pensando, se a situação da assistência privada, destinada à classe média, não é boa; imagine para os 78% da população atendidos pelo SUS. Com sub financiamento, má gestão e recursos limitados pelos próximos 20 anos, o prognóstico do SUS não também é bom. Para complicar, o SUS desistiu da saúde pública, das ações coletivas e da atenção integral, foi colonizado pela medicina dos procedimentos.
Antonio Samarone.