Doença Mental.
Antonio Samarone de Santana
Academia Sergipana de Medicina.
O Jornal
Correio de Aracaju, edição de 23 de fevereiro de 1943, divulgou com grande
ênfase uma carta aberta do Dr. Garcia Moreno (foto), Diretor da Colônia de
Psicopatas, anunciando importantes incorporações tecnológicas da psiquiatria
sergipana. Observem os termos mais esclarecedores da missiva:
“Comunico que
desde outubro de 1942 o nosso Hospital Colônia de Psicopatas inclui em seus
trabalhos rotineiro, ao lado da aplicação mais antiga dos métodos de Sakel e
Meduna (insulina e cardiazol), a convulsoterapia de Cerletti e Bini”.
“Possuímos um
aparelho de eletrochoque terapia fabricado pela Offener Electronies, dos
Estados Unidos, do tipo mais moderno e portador das mais recentes inovações
técnicas, de notáveis vantagens práticas (máquina de curar louco). Custou ao
Governo Estado perto de treze mil cruzeiros e chegou a Aracaju por via aérea, o
aparelho pesa menos de oito quilos”.
“Quase quarenta
pacientes já foram, entre nós, submetido ao método de Cerletti, num total de
crises convulsivas que andam perto de novecentas”.
A
convulsoterapia elétrica era apontada como um grande avanço para psiquiatria
pelas seguintes vantagens: baixo custo; rapidez na aplicação; e substituir a
convulsoterapia cardiozóliza, muito temida pelos pacientes devido à elevada
freqüência de fratura de costelas.
Continua Dr.
Garcia Moreno em sua carta:
“Aqui, como em
outras partes, duas a três aplicações semanais de uma corrente elétrica de 450
miliampere, durante 0,2 segundos através do cérebro, tem em pouco mais de um
mês reconduzido a vida psíquica normal homens e mulheres”.
“Como se vê, a
psiquiatria não é mais uma especialidade médica de literatos e filósofos. Não
na medicina moderna, afora a cirurgia, setor de maiores ousadias técnicas. Como
se vê, o doente mental encontra hoje recursos terapêuticos tão eficientes
quanto os que beneficiam as demais especialidades médicas”.
Entre 1917 e 1935, quatro métodos para
produzir choque fisiológico nos psicopatas foram descobertos, testados e usados na prática
psiquiátrica, todos no continente europeu: Febre induzida por malária, para
tratar paresia neurosifilítica, descoberta em Viena por Julius Wagner-Jauregg,
em 1917; Coma e convulsões induzidas por insulina, para tratar esquizofrenia,
descoberta em Berlim por Manfred Joshua Sakel, em 1927; Convulsões induzidas
por metrazol, para tratar esquizofrenia e psicoses afetivas, descoberta em
Budapest por Ladislaus von Meduna, em 1934, e Terapia por choque eletroconvulsivo,
descoberta por Ugo Cerletti e Lucio Bini em Roma, 1937.
A narcose, sono prolongado por cerca de dez
dias induzido por drogas como hidrato de cloral, paraldeído e barbitúricos, foi
um método terapêutico introduzido pelo psiquiatra suíço Jakob Klaesi, em 1922.