segunda-feira, 18 de setembro de 2017

POLÍTICOS DE PROCISSÃO


Políticos de procissão.

Duas coisas não faltam em procissão: andor e político. Em procissões menores, de povoados, pode até faltar o padre, ter poucos fies, faltar as congregações, andor sem enfeite, mas com certeza, os políticos estarão presentes. Pode-se acusar os políticos brasileiros de tudo, menos de falta de devoção. Muitas vezes rezam e cantam alto sem ao menos saber o nome do padroeiro.

Já existe uma ordem hierárquica nos cortejos religiosos: na frente, em fila indiana, as congregações com os seus estandartes; em seguida o clero, sacristão e coroinhas, na frente do andor enfeitado; logo atrás vem a banda de música (quando tem); separado por um pequeno espaço para dar visibilidade, surge o comboio de políticos (situação e oposição), e na rabeira, o povo em geral, um amontoado de gente sem prestar a menor atenção a reza. Com exceção dos que estão pagando alguma promessa, quase sempre uniformizados, para serem vistos.

Parece absurdo, mas funciona. Mesmo todo mundo sabendo que os acenos, sorrisos, apertos de mãos e abraços são falsos; os contemplados ficam felizes, e guardam o nome do político para as próximas eleições. Os mais críticos e sonhadores ainda afirmam: que nada, isso acabou. Nas próximas eleições o povo já está escaldado e não vai votar em ninguém, os políticos terão uma surpresa. Escuto isso há cinquenta anos. Enquanto acompanhar procissão por estratégia política tiver importância eleitoral, as mudanças estão longe de acontecer no Brasil.

Antônio Samarone. 

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