terça-feira, 2 de dezembro de 2025

PEDRO DA JABÁ

Pedro da Jabá.
(por Antonio Samarone)

A carne salgada e seca é milenar, não foi inventada no Nordeste. Aqui, virou carne do sol. Nos Pampas, a carne seca, salgada, com cura úmida e prensagem, virou Jabá (charque), que teve excelente aceitação no Nordeste.

A jabá pode ser consumida crua, conservada fora da geladeira e combina com farinha. A farofa de jabá de Zefinha de Catulino, já é servida nos melhores restaurantes de Paris.

Nas feijoadas, o único prato exclusivamente brasileiro, cabe de tudo, mas só não pode faltar a jabá. Pode faltar até pé e orelha de porco, mas a jabá é imprescindível.

A paçoca é uma iguaria.

Jabá ou jabaculê também é sinônimo de propina. O tradicional “jabá com abóbora”, oferecido por Rosalvo Alexandre aos jornalistas, em Aracaju, no final do ano, era uma sátira provocativa bem recebida.

Itabaiana, já foi um centro distribuidor do charque. A banca de Joãozinho de Norato era a mais sortida da feira. Joãozinho era casado com Dona Melinha, filha de Nicolau do Fumo.

Joãozinho de Norato morreu “de repente”, num domingo de 1959, no mesmo dia em que o Itabaiana foi campeão da Zona Centro. Guardei na memória esse dia.

Joãozinho e Melinha tiveram uma prole numerosa. Melinha, era irmã da minha avó, Maria do Céu.

Aqui entra o nosso personagem. Pedro da Jabá, que por 30 anos, monopolizou a distribuição da jabá em Sergipe.

Pedro Almeida Meira (Pedro da Jabá), nasceu em Itabaiana, no povoado Alto do Coqueiro (atual Moita Bonita), em 30 de janeiro de 1924, filho de Francisco Antonio Meira e Maria Francisca de Jesus.

Pedro, tirou a sorte grande, casou-se, em 1947, com Zuzu (Maria Amélia), filha de Joãozinho de Norato. Com pouco tempo, envolveu-se com o sogro no negócio da Jabá. Com o talento empreendedor nato, Pedro começou a crescer.

Pedro se meteu em política, apoiando Jason Correia, do PSD. Euclides Paes Mendonça, da UDN, virou chefe politico e botou Pedro para correr de Itabaiana.

Aracaju, foi um paraíso para os negócios de Pedro. Com a morte do sogro, herdou o negócio da jabá. Montou a Casa do Charque, na Avenida José do Prado Franco. Depois montou filiais na Rua Santa Rosa e na Avenida Coelho e Campos. Se tornou o Rei da Jabá.

Pedro da Jabá importava toda a produção do Sul do País. Passou a integrar uma plêiade de comerciantes itabaianenses, regionalmente bem sucedidos, a partir da década de 1950.

Lembrando alguns: Oviedo Teixeira, Mamede Paes Mendonça, Albino Silva da Fonseca, José Francisco da Cunha (Zé de Luiz de Rola), Pedro Paes Mendonça, Gentil Barbosa e Noel Barbosa. Faltou alguém?

Em meados do século XX, com a chegada da BR – 235, Itabaiana tornou-se um polo comercial. Um salto no desenvolvimento. A mudança foi impulsionada pelos caminhoneiros e talento mercantil dos ceboleiros. O itabaianense é bom de balcão, ou seja, sabe vender o “peixe”.

Sem bairrismo, o tino comercial do itabaianense, até hoje, é mola propulsora da economia sergipana. Pedro da Jabá foi pioneiro, deixou o exemplo.

Pedro da Jabá e Dona Zuzu deixaram muitos filhos: Reges Meira (médico oncologista), Regivalda, Rivanda, Renato, Ronaldo (Chita, meu colega das peladas de praia, no sítio Bonanza) e Ronmildo. Deixou uma centena de netos e bisnetos.

Pedro da Jabá cresceu por méritos, e compõe a galeria de ceboleiros que iniciaram a caminhada, que desembocou na grandeza econômica de Itabaiana.

Um nome que não pode ser esquecido. Pedro da Jabá, faleceu em 12 de março de 1997, aos 73 anos. Está sepultado no Cemitério de Santo Antonio e Almas.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.
 

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