Velhas Novidades.
(por Antonio Samarone)
Ontem, recebi um telefonema de um amigo, que eu não via há anos. “Preciso falar com você, sobre política”, ele foi direto. Eu aceitei de imediato: marcamos um café numa livraria, no final da tarde do mesmo dia.
Fiquei inculcado: do que se trata? O amigo é um intelectual de bata longa, Doutor em Direito, professor, ex Presidente da OAB, Vice Prefeito do Aracaju. Um brizolista de raízes profundas.
Certa feita, há anos, visitei-o em seu apartamento, no centenário Ed. Villa D”oro e, em cima da mesa de estudos, estava aberta a Ilíada, de Homero. Toda marcada à lápis, comprovando a leitura. Um homem que lê Homero, é um erudito inquestionável.
Ontem, no encontro, ele começou a conversa falando sobre a visão de Kant, sobre o conhecimento. “Existe um conhecimento empírico, fruto da realidade e outro transcendental, que nasce do espírito humano.” Baixei a crista e limitei-me a ouvi-lo.
O doutor continua rebelde, barbudo aos 70 anos, recriando as utopias. Somos da geração de 1954, ano do suicídio de Vargas. Uma geração que queria mudar o mundo. Não deu certo!
A classe operária desistiu do Paraíso.
Confesso que estou pessimista sobre o futuro do Brasil. Quando o Presidente da maior potência militar do mundo proclama o fascismo, sem meias palavras, a realidade será hostil. Uma Era de violência se aproxima.
Já se conhece o final das aventuras fascistas: Guerras! Dessa vez, uma guerra nuclear.
O Governo de Lula não apresenta alternativas, não tem um projeto para o Brasil, segue ordeiramente o receituário neoliberal, na íntegra. A esquerda está em declínio. Um Ministro sergipano postou eufórico nas redes sociais: “ainda estamos aqui”, referindo-se ao poder federal. Até quando?
A conversa andava, tomamos um cafezinho, e eu ficando curioso: quais os Planos Políticos do meu amigo, Carlos Alberto Menezes?
Qual a saída? Como evitar o tsunami fascista, que em 2026 pode cobrir o Brasil?
O meu amigo foi didático e confiante: “vamos recriar o PTB de Getúlio Vargas, de Brizola e de Jango.” Eu nem sabia que o PTB de Roberto Jeferson (preso) tinha acabado. Na verdade, o PTB fundiu-se com o Patriota, nascendo o PRD, Partido da Renovação Democrática, que eu desconheço.
O meu amigo continuou: “a sigla do PTB ficou órfã, sem donos. Um grupo nacional de verdadeiros Brizolistas, resolveu ressuscitar o PTB de Vargas. Estamos colhendo as assinaturas.”
Senti-me envergonhado da minha desesperança. Estava ali, diante de um homem crente no futuro, sem interesse pessoal, movido pela ideologia, empunhando a bandeira do verdadeiro trabalhismo.
Quem sabe, no Brasil o futuro pode ser o passado.
“Bota o retrato do Velho outra vez/ Bota no mesmo lugar/ O sorriso do Velhinho faz a gente trabalhar.”
Antonio Samarone. Médico sanitarista.
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