sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

A AGRICULTURA ORGÂNICA É POP

A Agricultura Orgânica é Pop.
(por Antonio Samarone)

A produção agrícola sem agrotóxicos, em Sergipe, começou a partir de 1985. O engenheiro-agrônomo Paulo Viana, diretor da EMATER, levou 4 camponeses do agreste (Itabaiana, Areia Branca e Malhador), para uma capacitação em São Paulo.

Na rápida passagem pela Prefeitura do Aracaju (1985), o itabaianense José Carlos Teixeira criou feiras dos produtores, nos bairros da Capital, sob a inspiração do revolucionário Rosalvo Alexandre. Foi um estímulo para as mudanças.

A AEASE, sob a liderança de Paulo Viana, montou uma feira orgânica no espaço físico da sua bem localizada sede. Os consumidores foram aparecendo. Primeiro, a classe média.

Em 1986, João Alves Filho criou a barragem da Ribeira, gerando mais um polo de desenvolvimento agrícola em Itabaiana. A água estava na roça dos ceboleiros. Confesso que os campos verdes irrigados, gerando riqueza, me tocam emocionalmente.

Entre os agricultores que empunharam a bandeira da produção agrícola, sem o uso de agrotóxicos, um se destacou: Lelé de Rola (foto), na comunidade do Junco.

Manuel Messias Menezes Costa (Lelé), 76 anos, filho de José Fulgêncio Costa (Rola, um barbeiro popular, da Rua do Futura), e Dona Laudicéia da Lapa Menezes. Na juventude, Lelé foi sapateiro e jogador de futebol (uma revelação do Itabaiana).

No início da década de 1980, Lelé, com o casamento, se mudou para o povoado Junco, terra de sua esposa, com uma ideia na cabeça: produzir hortaliças sem o uso de agrotóxico. As condições apareceram. O junco possuía 27 casas, hoje tem 700.

Fundaram a Associação de Produtores Orgânicos do Agreste, hoje presidida por Zé de Rufino, do Malhador. A Associação possui dois locais de vendas: na Rua Treze de Maio, em Itabaiana, e na Avenida Francisco Porto, em Aracaju.

O povoado do Junco é a capital brasileira do coentro. Diariamente, cinco caminhões de coentro e alface, descarregam, a partir de meia-noite, no Mercado das Sete Portas, em Salvador. Claro, a Serra comprida, o Boqueirão e a Mangabeira, também produzem.

A Matapuã é a capital do couve.

Itabaiana já alimentou o Recôncavo Baiano de carne bovina (século XVII e XVIII), de farinha de mandioca (séculos XIX e XX), e de coentro e alface (século XXI).

Chico das Verduras disse-me, com um certo orgulho, sobre o Junco: “aqui não têm ricos, nem pobres, ninguém desocupado, ninguém passando fome ou sem ter onde morar.”

No Junco, dorme-se de portas abertas. O povoado possui duas academias fitness, farmácia, supermercado, escolas e unidade de saúde. Essa realidade se espalhou por vários povoados da Região.

Não vi polícia! Não precisa!

Entre os trabalhadores, Lelé de Rola (foto) foi o pai da agricultura orgânica, em Sergipe. O ecoturismo, precisa desses agricultores que produzem saúde.

Apesar de não se conhecer pragas que afetem o coentro, ele é produzido pela agricultura convencional. Parece que o coentro é parente do Nim indiano. Isso é chute, que os botânicos me corrijam.

O coentro é uma produção manual e, em 45 dias, ele já está pronto para a comercialização. As safras têm sido generosas.

Antonio Samarone - Secretário de Cultura de Itabaiana.
 

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