Itabaiana – 350 anos. Professora Maria Pereira.
(por Antonio Samarone)
“Em 1930, Itabaiana contava com um total de treze escolas primárias, das quais quatro estavam localizadas na sede do município — duas destinadas ao ensino masculino e duas ao feminino —, enquanto as nove restantes estavam situadas nos povoados.” Vladimir Carvalho.
Em 1937, instalou-se o Grupo Escolar Guilhermino e, em 1949, o Ginásio Murilo Braga.
O orgulho de vestir a farda do Ginásio, de caqui Floriano, um brim especial, com o brilho de linho. No braço da camisa da farda, o distintivo como os oficiais da polícia usavam, indicando a série que o aluno cursava. Eu me sentia garboso, mesmo sem saber o que era ser garboso.
A farda do ginásio eliminava (simbolicamente) as diferenças de classe social e riqueza. Fardados, éramos iguais. O Murilo Braga foi um viveiro de cidadania, em especial, no período dirigido por Maria Pereira (1967 – 1981).
Itabaiana é uma terra de grandes professoras: Maria Thetis Nunes, Maria de Branquinha, Tereza Cristina Souza, Etelvina Amália de Siqueira, Lourdes de Mozart, Ieda Silveira, Terezinha, Joseíta, Inês Resende, Suzana de Sizino, Josefa Eliane, Neide Sobral e Izabel Esteves de Freitas. Entre outras...
A professora Maria da Conceição (Maria Pereira), Nasceu em Itabaiana, em 20 de dezembro de 1930, filha primogênita do casal Pedro Pereira de Andrade (Pedro de Cesário) e Maria Alexandrina da Conceição. Teve 4 irmãos: Carlos, Pureza, Lourdes e Luiz. Do primeiro casamento do pai, teve outros 5 irmãos: Benjamin, Elias Andrade, Filomeno, Leandro e Irineu.
Elias Andrade foi primeiro itabaianense a brilhar nas universidades. Formou-se em Engenharia, em Salvador, sempre como o primeiro da turma. Faleceu aos 30 anos, em Fortaleza, vitimado por um acidente aéreo.
Na infância, Maria Pereira mudou-se com sua família para Aracaju, onde se estabeleceram em uma propriedade localizada próxima à atual Avenida São Paulo, no bairro Siqueira Campos. Seu pai, Pedro de Cesário, era um fabricante de fogos de artifício, sendo reconhecido como o melhor fogueteiro da região.
Maria Pereira iniciou seus estudos em Aracaju, onde frequentou o ensino primário no Grupo Escolar General Valadão, localizado no Bairro Siqueira. A sua formação no ensino secundário foi Escola Normal Rui Barbosa. Após concluir o antigo curso pedagógico e obter o título de professora, Maria Pereira retornou com sua família à cidade de Itabaiana.
Em Itabaiana, Maria Pereira inicia sua vida profissional entre o final da década de 50 e início da década de 60, lecionando no Educandário Cônego Vicente de Jesus (Escola do Padre) e vinculada à Paróquia de Santo Antônio e Almas de Itabaiana.
Fui aluno de Maria Pereira, no segundo ano primário. O Colégio do Padre era privado, mas recebia alguns bolsistas, de entidades religiosas. O meu pai era do “circulo Operário”, uma organização da Igreja católica, que fazia frente ao Centro Operário, que era comandado pelos comunistas.
Nas salas de aula da Escola do Padre as carteiras eram duplas, sempre menino com menino e menina com menina. A Escola funcionava em um velho sobrado, ao lado da Igreja. A escola do Padre fez uma revolução pedagógica em Itabaiana, sob a direção do Padre Everaldo (Bode Cheiroso).
Depois, Maria Pereira transferiu-se para o Grupo Escolar Guilhermino Bezerra, Escola Municipal Isabel, até a sua integração ao corpo docente do curso pedagógico da Escola Normal Rural Murilo Braga. Hoje, Colégio Estadual Murilo Braga (CEMB), exercendo a função de diretora entre 1967 e 1981.
Sob o comando de Maria Pereira, o Murilo Braga implantou aulas de música, com o Maestro João de Matos, depois com o maestro Valtenio, formando músicos, de iriam fortalecer a secular Filarmônica Nossa Senhora da Conceição.
Maria Pereira foi uma disciplinadora sem perder a ternura. Dura, discreta e sensata. Respeitada por todos, pelo seu comportamento isonômico. Nem protegia, nem perseguia ninguém. As suas determinações eram justas e os corretivos leves. Maria Pereira me civilizou com exemplos.
Nas escolas primárias, a palmatória metia medo.
Em 19 de julho de 2019, foi criado o Movimento Cultural Maria Pereira, uma iniciativa da Academia Itabaianense de Letras, visando fomentar a cultura, a literatura e o protagonismo estudantil na região.
A Escola Estadual Professora Maria da Conceição, situada no bairro São Cristóvão, em Itabaiana, presta homenagem a uma profissional da educação de primeira grandeza.
Maria Pereira, foi diretora no Colégio Estadual Murilo Braga (CEMB), no período de 1967-1981. Faleceu em 23 de novembro de 2010, aos 80 anos, acometida pela doença de Parkinson. Maria Pereira não se casou e nem teve filhos.
Agradeço a pesquisadora Marina Mendonça, as informações sobre a carreira profissional de Maria Pereira. A foto é do acervo de Robério Santos.
Antonio Samarone – Secretário de Cultura.
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