domingo, 3 de novembro de 2024

A ALCATEIA SERRANA

A alcateia serrana.
(por Antonio Samarone).

O historiador Sebrãozinho nomeia Itabaiana de “Velha Loba”, provavelmente, uma referência a Roma. Mesmo considerando o bairrismo, parece um pouco exagerado.

Por outro lado, a família Lobo, descendentes do Padre Francisco da Silva Lobo, exerceu um papel de protagonista na vida itabaianense, sobretudo, na fotografia e no ouro.

A lenda do Bezerro de Ouro, que pastava livremente nas noites de lua cheia, na Serra de Itabaiana, se traduziu na proliferação de ourives e joalheiros, desde o século XIX.

O acordo de Bretton Woods (1944), que substituiu o padrão ouro pelo dólar, teve impacto profundo em Itabaiana. O ouro estocado caiu de preço.

Sobre a fotografia, em 1871, já existia em Itabaiana a “Photo Nacional”, certamente a primeira empresa fotográfica do Estado, sob a batuta de Miguel Teixeira da Cunha (Teixeirinha), falecido em 1938, aos 90 anos.

Aqui entram os “Lobos”, no ouro e na fotografia.

Germano Teixeira Lobo (Germano Venta), o acendedor de lampiões da cidade, e Dona Maria Francisca Lobo tiveram 8 filhos: Antonio Lobo (ourives), João Lobo (Joaozinho retratista). E cinco lobas: Bambina, Eudóxia (Dóci), Dulce, Saudalina e Florípedes. Mulheres que simbolizavam a força do matriarcado itabaianense.

Bambina, que o povo chamava de Bombina, era casado com Pita da bodega (Agripino Ferreira), dono de um boteco na rua do Futuro. Eudóxia, era a esposa de Zezé da Requinta, pai dos “dócis” famosos (Tonho, Adélson, José, Paulinho). 

Pita de Bombina presenciou a passagem de Antonio Conselheiro por Itabaiana. Ele contava detalhes.


João Teixeira Lobo (Joãozinho Retratista), aprendeu a arte da fotografia com o padrinho Teixeirinha. A acervo fotográfico por eles deixados, representa uma relevante fonte historiográfica da primeira metade do século XX, em Itabaiana.

O talento fotográfico de Joãozinho Retratista foi herdado pelo neto, Eduardinho, de elevada sensibilidade para as imagens. Tenho recebido belas fotos do Aracaju, da lavra dele, possuidor de um “drone” espião.

Antonio Teixeira Lobo, casado com Josefa Andrade Lobo (Zefa Gorda), era o melhor ourives do agreste, tendo feito, por encomenda, um anel de ouro para Lampião.

Dona Zefa era descendente do centenário tronco dos ferreiros da Matapoã, do patriarca português João José de Oliveira, meu tataravô.

O Casal Tonho Lobo e Zefa Gorda tiverem cinco filhos: Marilene, Ana Angélica, Ieda, Rosangela e o famoso Djalma Lobo, um personagem que merece um verbete especifico.

Robério Santos, em seu discurso de posse na Academia Itabaianense de Letras, esclareceu as distinções entre: Antonio Teixeira Lobo, o pai de Djalma Lobo; Antonio Teixeira Lobo Sobrinho, o filho de Joãozinho Retratista; e Antonio Teixeira Lobo Filho, Lobinho, filho de Helena Andrade.

Os Lobos (e Lobas), descendentes do padre que criou uma Orquestra Sacra, em 1747, são construtores da história de Itabaiana, com destaque no ouro e na fotografia.

A bela foto é de Dona Bambina, da lavra de Joãozinho Retratista.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura.
 

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