terça-feira, 22 de outubro de 2024

OS CAMINHOS DA FÉ


 Os Caminhos da Fé.
(por Antonio Samarone)

Convidado pelo Professor Eder, visitei uma ação cultural magnifica, na fazenda de Marcos Contador, na Malhada Veia. Uma obra faraônica. Marcos está construindo em um belíssimos vale, entre serras e lagoa, um cenário real para a encenação da Paixão de Cristo. Semelhante à Nova Jerusalém, em Pernambuco.

No cume da Serra (370 metro), será erguida um cruzeiro, com a imagem de Santa Dulce. Dizem, que de lá se avista o mar.

Marcos Contador, natural do povoado, já concedeu uma parte da fazenda aos campistas, onde está sendo construído um acampamento. Agora é esse cenário da Paixão de Cristo. Tudo, sem fins lucrativos.

Ainda perguntei: Cristo só morre uma vez por ano, no restante do tempo, como será usado esse teatro ao ar livre? Ele foi sucinto: - “fica esperando a próxima Semana Santa”. Não me conformei. Um espaço grandioso, que vai custar uma fortuna, ficar sub utilizado. Ele reforçou: - aqui é a lógica da fé!

Marcos não é um fanático que toca fogo em dinheiro. Pelo contrário, sabe ganhá-lo. Ocorre, que não adora o dinheiro. Senti ele feliz, com tantas despesas. Tudo caprichado.

Uma bela história a da Malhada Veia, um povoado centenário, com o Cajueiro, a Igreja Velha, a Cova da Onça e Zanguê formam o berço primitivo da civilização portuguesa, que se implantou em Itabaiana, no início do século XVII. O vale do Rio Jacarecica, à sombra da grande Serra.

Essa história vem de longe.

Há 28 anos, Noel Dória (70 anos), um camponês, movido pela fé, organizou uma encenação da Paixão de Cristo na Malhada Veia, que deslumbra os penitentes, pelo realismo. Sessenta pessoas simples, da região, levam muito a sério a encenação. Tudo com esforço próprio: cenário, figurino, logística, até a coroa de espinho, eles compraram.

Noel, o Cristo da encenação, é nativo da Malhada Veia, filho de Zezé Dória e Dona Jovina Parteira, parente do famoso Zé das Canas, pai do Prefeito de Frei Paulo.

Na Malhada Veia, a Paixão de Cristo encontrou um mecenas: Marcos Contador! Um irrequieto, filho de Chiquinho e Dondom, católico fervoroso, um homem guiado pela fé.

Em 2025, ano jubilar em Itabaiana, a Paixão de Cristo já será encenada no cenário novo. Certamente, ainda inconcluso. Vai assim mesmo!

Os Primos, Marcos e Noel, foram juntos visitar a Nova Jerusalém, em Pernambuco. Quem conhece o povo de Itabaiana, sabe que o novo cenário da Malhada Veia, não ficará aquém. Já encomendaram a flora da Palestina, palmeiras, oliveiras, tudo lá da Jerusalém real. Os bichos, os pássaros, até o jegue vem da Terra Santa.

Em Itabaiana, qualquer evento de causa indeterminada, a primeira suspeita é de ter sido um milagre. Por exemplo: um acidente grave onde um automóvel bate de frente com uma carreta. Perda total do automóvel. Ninguém morre! Todos afirmam, mesmo antes de qualquer apuração: só pode ter sido milagre.

Itabaiana Grande nasceu junto à igreja e o padroeiro é Santo Antonio, um demiurgo universal. Em Itabaiana, a fé é um arquétipo que domina o inconsciente coletivo. Mesmo entre os ateus. (Carl Jung).

Antonio Samarone – Secretário de Cultura.

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