quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A VIDA ETERNA

 A vida eterna...
(por Antonio Samarone)

O filósofo Afonso Souto Maior, vulgo Sabidinho da Moita Formosa, é um autodidata. Aprendeu sozinho tudo sobre informática, no laboratório do Doutor Eliseu, no Beco Novo. Ele começou estudando alquimia.

Uns acham que ele endoidou, outros que é um sábio. O certo, é que tramita a concessão de um título de doutor “honoris causa”, numa universidade do Piauí.

Ele anda defendendo teses, que são a mais pura ciência. Vejam:

O elixir da longa vida e a imortalidade prometida pelos alquimistas está próxima da realidade. Por outro caminho. O corpo é a ruína dos esforços do espírito.

O problema é o como se libertar do corpo.

A pós-humanidade está nascendo, liberta do corpo. O corpo é a carne! A existência só será viável no ciberespaço. Basta se construir um programa com cada neurônio, com cada sinapse de um cérebro particular, que se faça a transferência do espírito, com toda a sua memória para um computador.

“Se você consegue fazer uma máquina que contenha o seu espírito, a máquina será você mesmo. Que o diabo carregue o corpo físico, não interessa. Uma máquina pode durar eternamente.” – G. J. Sussman.

Somos a última geração obrigada a morrer. A incorporação do espírito (alma) a máquina, criará o homem do futuro.

Basta tele transportar o espírito para o computador. Teremos, finalmente, uma sociedade dos espíritos. Era nessa imortalidade do espírito que o mago argentino, Jorge Luiz Borges acreditava. A tecnologia vai torná-la realidade.

Com uma vantagem, caso se fique entediado com o ciberespaço, usa-se o próprio DNA, que ficou armazenado, e se reconstrói um novo corpo. A transição máquina corpo, o retorno é possível.

“Num futuro próximo, o homem como conhecemos hoje, perecível, será uma simples curiosidade histórica, uma relíquia, um ponto perdido na imensa diversidade das formas.” – Timothy Leaey.

É o fim do corpo, que tanto nos sobrecarrega, sobretudo na velhice.

Nem acredito, nem desacredito nas heresias de Sabidinho. Talvez essa imortalidade não chegue mais para o meu bico. Vou carregar o meu corpo, resignadamente, até o Porto final.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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