domingo, 4 de julho de 2021

NOVAS E VELHAS PRAGAS


Novas e Velhas Pragas.
(por Antonio Samarone)

A Peste da Covid-19, mesmo com o atual brilho proclamado da medicina, repetiu no século XXI, os medos e os assombros das Pestes históricas.

A religião dessa vez lavou as mãos, durante a Pandemia.

O amar ao próximo é o distanciamento social. O próximo pode ser um portador do vírus. A narrativa da ressureição deu lugar a ideologia da saúde e da sobrevivência.

Conta-se os mortos diariamente. A vida perdeu a sua dimensão metafísica.

A ciência não apresentou novidades. A Covid-19 continua incurável.

Não se conhece a cura da Covid-19. A morte, nos casos graves, mesmo com a alta tecnologia das UTI, foi a regra. As sequelas são alheias as intervenções médicas. A iatrogenia foi relevada. A foice da morte reinou soberana.

A Covid-19, como a lepra medieval, atacou uma humanidade indefesa. Somente as sociedades submetidas à disciplina social (voluntária ou involuntária) tiveram êxito.
A Saúde Pública repetiu os velhos modelos sanitários!

O isolamento domiciliar dos transmissores, substituiu os lazaretos. Isolar os doentes para se evitar o contágio, afastá-los do convívio social é uma proposta bíblica.

“Todos os dias em que a Peste estiver nele, estará manchado, ele é impuro, deverá morar sozinho, sua habitação deverá ser fora do acampamento.” Levítico 13, 14.

A quarentena, ou seja, a segregação dos sadios suspeitos para se evitar a propagação, foi uma medida adotada na Peste Negra do século XIV. Talvez a novidade seja que, dessa vez, todos foram considerados suspeitos e a quarentena se tornou universal. (Lockdown!)

“A razão para o estabelecimento de um período de quarentena residia na crença generalizada, nos séculos XIII e XIV, de ser o quadragésimo dia o da separação entre as formas agudas e crônicas das doenças.” - Rosen

Os cuidados de higiene, lavar as mãos, usar máscaras e distanciamentos são previstos no “Regimen Sanitatis Salernitanum”, da Escola de Salerno, no Século XIII.

A necessidade de higiene pessoal é antiga, talvez por razões religiosas. Não se pode esquecer que na “cesta básica romana”, além de “Pão e Circo”, estava incluído os banhos públicos.

Sei, a grande novidade são as vacinas.

A Saúde Pública combateu a varíola com vacinas, desde o século XV na China. No Ocidente, desde 1798, quando Edward Jenner publicou “Uma Investigação sobre as Causas e Efeitos da Vacina da Varíola”.

Portanto, fomos pegos de calças curtas!

O certo é que o chamado desenvolvimento científico e tecnológico não cumpre o que promete. A ciência tem os seus limites.

Não podemos continuar devorando o mundo. A questão climática está na ordem do dia.

Antonio Samarone. (médico sanitarista)


 

Um comentário:

  1. Muito bom ler um comentário, ao meu ver, com conotações de uma análise mais focada na essência do problema que nós aflige, sem os aborrecimentos dos que buscam culpados sem que se ofertar soluções seguras. Diante dessa parafernália de opiniões meramente políticas, sem consideração nenhuma com os que sofrem, inclusive juntamente com os ganhadores sem opiniões de sucesso. Acho que seria muito menos sofrido se houvesse uma participação de todos os meios influentes, mais educativa a forma de orientações, menos convulsiva e de interesses nem um pouco respeitáveis. Vida que segue .Parabéns Samarone pelas verdades focadas em estudos via a ciência.

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