sábado, 28 de setembro de 2013

Walter Noronha - um mestre.







Antonio Samarone.

Walter Pinheiro Noronha, nascido em 03/03/1954, filho de Lafaiete Noronha (Guilhermino Noronha e Maria da Purificação Noronha , órfão de pai e mãe cedo, sendo criado pelo tio, Esperidião Noronha)  e Josefa Cristina Noronha (filha de Boanerges de Almeida Pinheiro e Maria da Conceição Almeida). Tive sete irmãos: Guilhermino; Fernando; Tófilo; Rubens; Ricardo (baleia) Neuma e Núbia. Casado com Vilma Alves Pereira Noronha, em 1983, e tiveram três filhos: Viviane, Formada em Direito, Vitor, Formado em Odontologia faz especialização em Ortodontia em Araraquara São Paulo e Vinicius, estudante de direito na UFS.
Sonâmbulo, quando criança, uma vez meu pai foi pegar ele na praça da igreja, próximo à casa do avô materno, Seu Boanerges, na Rua do Futuro. Walter também dormia bastante, se ia ao cinema e alguém não acordasse, ele ficaria dormindo.
Walter tinha medo de dentista, Eduardo Porto e seu Josias Bittencourt arrancavam os dentes dele à noite, quando a dor ficava insuportável.
Esquecido, quando passou em odontologia, Dona Cristina preparou a mala de roupas brancas, para variar, Walter deixou no ônibus.
Walter tinha suas traquinagens, fez o curso preparatório de noivo, pelo irmão, Teófilo, que morava em Belo Monte, em Pernanbuco. Todas as vezes que o padre fazia a chamada, Teófilo, Walter respondia presente, e a turma que conhecia os dois caia na gargalhada. 
Walter possuía uma veia cômica e os amigos achavam que ele se parecia com Chico Anísio. Em seu primeiro ano de universidade, o humorista veio fazer um espetáculo aqui em Aracaju, no Teatro da UNIT, como ele estava sem grana, sua tia Zefinha e Dona Ceça, sua avó, fez uma vaquinha e comprou o ingresso de Walter.
Quando criança, Walter organizou um circo, pegava os bodes de Dáia (sua tia Lindaura) e levava para fazer um espetáculo chamado de bodada, semelhante à tourada, com bem menos riscos, também fez espécie de instrumento com garrafas de vidro transparente de 1 litro, contendo líquido coloridos, na quantidade que emitia sons variados conforme as notas musicais, e cobrava ingressos dos meninos amigos. Tereza Cristina e Neuma ficavam vendendo os ingressos.  Funcionava no quintal da casa dele, onde hoje funciona a Floricultura Flor do Campo. Era um Show de música e tourada, certamente, uma influência espanhola.
Era a preguiça em pessoa, sua tia tinha um sítio no açude da Marcela e quando era hora de voltar de lá todos trazia algo, mas ele sempre não podia inventava sempre alguma coisa e tia Lindaura tinha pena trazia o q era para ele trazer.
Primeira professora: Dona Josefa Cordélia Alves Santos, esposa de Manoel de Zeca dos Peixes (uma escolinha na Rua de Macambira, perto do bar de Zezé de Jone, dona Maria Floresta, dona Letícia, esposa de um delegado Durval, Dona Ermelina, esposa do doutor Flodualdo (o médico dos pobres do Beco Novo), Minha mãe ficava de tocaia, esperando a chegada de Flodualdo para me levar para consultas, nunca voltava de mãos vazias, um remédio de verme, um fortificante, um frasquinho com pó de sulfamida, para as perebas e violeta genciana para as micoses; e dona Helena de Branquinha, onde concluiu o primário. Fez o exame de admissão no colégio Estadual de Itabaiana, para ingressar no ginasial, com atestado de dona Helena, quando ainda era terceiro ano primário. Naquele tempo podia. Achava-se que ele não precisava fazer o quarto ano primário, já era muito sabido.
No Murilo Braga, logo no primeiro ano ele foi reprovado, por minha culpa. Vamos ao fato: a professora Mercedes, de história, gostava de provas difíceis. Eu, amigo do padre Antonino, rato de sacristia, mexendo nos lixos do padre encontrei um estêncil usado, daqueles de mimeógrafos a álcool, com a prova de minha turma. Naquele tempo só a Paróquia possuía essa novidade tecnológica. Não hesitei, peguei o estêncil, ainda bem legível, e sair para o sucesso. Só que menino não aguenta ficar sem contar segredo, a travessura é mais gratificante que a nota, procurei Walter, tucá, Adilson, sair para as escondidas para mostrar o troféu.  Como não existe crime perfeito, Vilma de seu Abdias ficou de fora, e segundo testemunhas, nos entregou de bandeja a bela professora. Resumo, Walter foi condenado a reprovação. Depois ele liderou a organização de uma gincana cultural-recreativa nos 25 anos do CEMB, era da turma do 3º, ano científico 1974.
Walter participa ativamente da fundação do Rotaract Club de Itabaiana, (sócio fundador do Rotaracty Club de Itabaiana) em 23 de abril de 1977, onde fora eleito Presidente da primeira gestão por tempo provisório.  Seu vice foi o famoso João Andrade. São as primeiras manifestações culturais, fora do guarda-chuva clerical, após o Concílio Vaticano II.
Walter foi um destaque do Voleibol em Itabaiana, com o professor José Antonio Macedo, e com a supervisão de Alberto Menezes, chegando a ser convocado para a seleção sergipana. Essa equipe de voleibol era formada Ronaldo de Dalva, João de Timbeu e Orlando de Joza. Antes, Djalma Lobo, Canhoto, e uma turma do Banco do Brasil, jogavam voleibol na praça do Dr. Gileno, no lendário campo de Poconé. Para os mais novos, ficava ali pelos fundos da Associação Atlética.   
No período do vestibular, Walter pegou uma hepatite, ficou em casa num longo repouso, sob os cuidados de Guilhermino, seguindo uma dieta esquisita, só comia goiabada e chupava lima, esquisita ou não, o certo é que ficou bom.
Na aula inaugural de Anatomia no CCBS, auditório lotado, o professor começa a chamar os calouros para o famoso juramento ao cadáver. A cada um que se aproximava, era perguntado o nome, etc. uma apresentação. Na vez do Dr. Tinho, ele ficou nervoso, gaguejou e não saiu nada. Walter lá da última fila, atrás de todo mundo, gritou: professor, aí é Tinho, filho de Paulo, neto de Bernabé, o famoso rezador do Sítio Porto, em Itabaiana, houve uma risada geral e o Dr, Tinho se deu por apresentado.
Formou-se em odontologia em 1980, incorporou-se ao Exército, como oficial dentista, onde permaneceu por cinco anos. Depois do quartel, foi trabalhar na Saúde do Município, administração de José Carlos Teixeira, onde o Secretário da Saúde era o ilustre itabaianense, Dr. Marcondes de Jesus, filho de Seu Eronildes, e secretário da administração era outro itabaianense, o Dr. Bosco de Jubal. 
Em 1992, ingressou por concurso na faculdade de Odontologia da UFS, como professor de prótese fixa. Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares, pela Camilo Castelo Branco, em Recife e Especialista e Mestre em Ortodontia, pela São Leopoldo Mandic, Campinas São Paulo. Atualmente é Professor de ortodontia da UFS, tendo substituído o Dr. Manoel Cardoso, o mesmo Manuca da Federação de Futebol. Walter é  também Coordenador de Pós-graduação em Ortodontia.
Como professor, vejam o depoimento da Aluna Manoela Rocha: “O professor Noronha é dono de uma sabedoria que inspira muitos de nós, é dono de um abraço verdadeiro, de um olhar compreensivo e de um sorriso motivador.” “Num curso tão exigente como a Odontologia, ser aluno de Noronha é acreditar que nós somos capazes de suportar quaisquer adversidades e no final da jornada, não há como não nos transbordarmos de gratidão.”  “E é por isso que não é estranho ele se revezar entre ser paraninfo ou mestre-amigo de todas as turmas.”
Autor de um importante Livro de Ortodontia. Bioprogressiva - Mau caderno.  Editora Napoleão de SP. Editado em Português e Espanhol e publicado em toda América Latina.
Vou encerrar com uma citação, de Viviane, sua filha: “Mas além da perseverança ele tem tantas outras qualidades e defeitos, como qualquer um, tem paixões e desgostos, como qualquer um, mas diferente que "qualquer um",vai se tornar um IMORTAL, e como não me orgulhar mais uma vez desse pai, desse homem, desse MESTRE?!”

2 comentários:

  1. O amor presente em cada palavra, vírgula e ponto.Emocionante e lindo!
    Parabéns Walter. Sua família é linda!

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