segunda-feira, 11 de setembro de 2023

A ATUALIDADE DE JOÃO RIBEIRO.

 

 

A atualidade de João Ribeiro.
(por Antonio Samarone)

A obra de João Ribeiro é desconhecida em Sergipe.

Esse desconhecimento, está empurrando o próprio João Ribeiro ao esquecimento. Mesmo gente bem-intencionada, quando ouve o nome de Ribeiro retruca: um gramático que escreveu livros didáticos sobre a história do Brasil.

Gente, as obras completas do intelectual sergipano, compõem-se de 47 volumes. Na culta livraria “Sebo Xique”, não possui obras de João Ribeiro à venda. Nem de comentadores. Nem o belo livro sobre João, de Núbia Marques.

Em pouco tempo, o seu nome restará apenas na Avenida João Ribeiro, uma das principais do Aracaju.

Como se fez com Tobias Barreto e Sílvio Romero, a obra de João Ribeiro precisa ser republicada. Como não existe interesse do mercado, das academias, das universidades, das confrarias, das irmandades, creio que seja uma tarefa do Poder Público. Vejo tanto livro pueril publicado com recursos públicos, que republicar João Ribeiro tornou-se uma obrigação.

Não sei quem deve tomar essa iniciativa. A Cultura do Estado? Na passagem de José Carlos Teixeira, muita coisa relevante foi republicada. Conheço a sensibilidade de Amorosa! O Prefeito Edvaldo me revelou que a Prefeitura do Aracaju, possui um serviço editorial. Quem sabe?

João Ribeiro foi o percursor do modernismo de 1922. Pelo menos Sergipe, tão carente de talentos, não pode esquecê-lo.

“Reputo os meus artigos como sonetos. Pioram com as emendas.” João Ribeiro.

Eu escrevo terapeuticamente, para amenizar as horas de insônia.
Recentemente, critiquei uma certa medicina. Recebi telefonemas de um jornalista conhecido, com duras críticas ao que ele considerou erros gramaticais crassos, em meus textos. Não tocou no conteúdo tema. Nada!

Frades e confrades, as algemas gramaticais não tiram o meu sono. Não reviso o que escrevo.

Esse leitor eventual, jornalista, quando comenta privadamente os meus textos, refere-se apenas aos pontos, vírgulas e crases. Nunca questionou o conteúdo. Acho que nunca prestou a atenção ao que estou querendo dizer.

Eu sou um afeiçoado ao coloquial.

Disse ao jornalista corretor: sigo as orientações do gramático João Ribeiro e devo a ele, a minha liberdade em escrever. Percebi que o jornalista, meu crítico gramatical, não conhecia João Ribeiro.

Não existe civilização sem memória. Vamos comemorar João Ribeiro! Comemorar, como indica a etimologia, e para evitar mal-entendidos, é construir em comum uma memória, commemorare.

Insisto, Sergipe ganhará muito com a republicação das obras completas de João Ribeiro.

Antonio Samarone. Médico sanitarista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário