sábado, 20 de agosto de 2022

CANNABIS MEDICINAL E PSIQUIATRIA

 Cannabis Medicinal e Psiquiatria.
(por Antonio Samarone)

Emil Kraepelin (1856 - 1926), estudou medicina em Leipzig, onde depois foi professor. Ensinou e fez pesquisas em diversas escolas alemãs. Em 1883 escreveu o seu Compendio de Psiquiatria, onde estabeleceu uma classificação para a loucura. Um dúzia de doenças.

Hoje, nos manuais americanos (DSM), chega-se a quatro centenas de transtornos mentais.

Até 1840, se achava que todas as doenças mentais eram transtornos do intelecto, Pinel foi o primeiro a levantar que em alguns transtornos era a emoção que estava prejudicada.

Pinel listava cinco categorias nosológicas: melancolia, mania sem delírium, mania com delírium, demência e idiotismo. Delírium significava perturbação da razão (confusão, fala incoerente, delírios e alucinações).

Esquirol desenvolveu a concepção da monomania. Morel (1857) a ideia da degeneração, inspirado no mito religioso da “queda”. O transtorno mental seria uma expressão das mudanças degenerativas afetando os centros cérebro-espinhais.

O homem era afetado por forças externas destrutivas, que a qualquer hora poderia iniciar o processo de degeneração. “

Lima Barreto, que escreveu o Cemitério dos Vivos, narrando a sua passagem pelo hospital de alienados Pedro II, no Rio de janeiro, era obcecado com a ideia da degeneração. Uma tese racista.

A teoria da degeneração influenciou Cesare Lombroso, que em 1876 desenvolveu a noção de criminoso nato (delinquente nato). Inspirado pelo evolucionismo de Darwin, Lombroso via a criminalidade como uma forma de atavismo humano, um passo atrás na filogênese da humanidade.

Os atos criminosos estariam enraizados na biologia!

Há pelo menos dois séculos que a violência, o crime, o pecado, a excentricidade, o vício e o temperamento passaram a receber rótulos psiquiátricos: transtornos de personalidade, insanidade moral, personalidades psicopáticas, antissocial, neurose de caráter.

No final do século XIX, pais de família, padres, conselheiros e curandeiros foram suplantados pelos médicos no direito quase exclusivo de cuidar e de custodiar o louco. A dúvida era se o psicopata era mau, e deveria estar sujeito a sanções legais, ou louco, e deveria receber o tratamento médico.

A questão central era controlar o poder da loucura

As substâncias psicoativas têm sido usadas há milênios. O livro de farmacologia mais antigo, O livro do Imperador Amarelo (2.500 a.C), trata da cannabis. Heródoto (século V a.C) descreveu a inalação de cannabis entre os Citas. O ópio era usado pelos sumérios. Os antigos egípcios usavam para acalmar as crianças.

Parece que o uso medicinal da cannabis foi redescoberto pelos doutores. Galeno prescrevia o ópio, para o Imperador Marco Aurélio.

Antonio Samarone. (médico sanitarista)

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