A Rota da Seda.
(por Antonio Samarone)
Recebi um convite para a comemorar os setenta anos de um amigo. Tomei um susto e lá não fui. Achei que era uma “pegadinha”.
Comemorar o quê, que o fim está mais próximo?
Eu me pelo de medo de aniversários, procuro esquecer os meus. A partir de certa altura, a contagem é regressiva. Aniversário é um ano a menos.
A quarentena me fez pensar que a vida lá fora anda mais rápido. Essa semana fui ao Centro de Aracaju comprar umas bugigangas numa loja chinesa, na Rua Santa Rosa. O inferno é pouco.
A loja chinesa é um horror, tive a sensação de que estavam me vigiando. Eu não sabia o nome do que queria comprar e eles sem paciência para escutar a minha descrição da bugiganga. Em resumo, fui embora!
Eu queria uma arandela de sítio, que carregasse com a energia solar e piscasse durante a noite, uma luzinha vermelha. Os Xinas têm pressa, não perdem tempo com clientes confusos.
O trânsito catastrófico, a zoada, os avexames do povo, a loja chinesa, me senti no Juízo Final. Todo mundo queria me vender de tudo. Deu vontade de carregar um cartaz: só quero arandela de sítio.
Quiseram me vender até veneno de rato.
Um registro positivo: a antiga loja de caça e pesca, da Rua de Santa Rosa, estava bonita e perfumada. Tinha de tudo, menos as arandelas de sítio. Nem caço nem pesco, mas tive vontade de comprar até os anzóis. Acho aqueles coletes com trezentos bolsos, uma gracinha.
O jeito é ir comprar essas arandelas de sítio em Itabaiana.
Outra coisa.
Tomei uma decisão radical: vou tocar fogo na carteira de habilitação. Eu não estou habilitado para dirigir em Aracaju. Fico estressado e com vontade de brigar. Fui reprovado no “psicotécnico” prático.
Não dirijo mais em Aracaju. Por enquanto.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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