Quem é o dono do Hospital de
Cirurgia?
A 25 de junho de 1923, numa
homenagem dos médicos ao Dr. Parreiras Horta, o Dr. Augusto Leite reclamou ao
governador da inexistência em Sergipe de um hospital, onde se pudesse exercer
com segurança a cirurgia.
O Governador Graccho Cardoso, impressionado
com o que ouviu, prometeu construir um hospital: “Não sou homem de promessas,
não prometo para faltar.” E não faltou. Em 02 de maio de 1926, foi inaugurado o
maior hospital de Sergipe, com três pavilhões, 70 leitos, ambulatórios, farmácia,
serviço de radiologia, duas salas de cirurgia e laboratório.
O Hospital de Cirurgia foi construído
e equipado com dinheiro público. Enquanto estava sob o comando de Augusto
Leite, Lauro Porto, João Garcez, José Teles de Mendonça, entre outros da velha
geração, o Hospital de Cirurgia foi público, sem ser estatal, prestou grandes
serviços ao povo pobre de Sergipe.
Num momento infeliz, um grupo
político se apropriou do Cirurgia. A obra de caridade foi privatizada. Manteve
a fachada filantrópica, para facilitar os contratos sem licitação com o SUS e ao não pagamento de certos tributos. Passou a atender interesses privados. Em 2017, ficou
mais dias em greve do que em funcionamento. A crise é permanente.
Em janeiro de 2018, o Estado
passou a gerir o milionário contrato do Cirurgia com o SUS. O município de
Aracaju, de forma sincera, declarou-se incompetente para continuar gerindo o contrato.
Claro, nada mudou. O Hospital de Cirurgia continuou em crise. Os recursos
repassados caem num buraco negro, e a população continua mal atendida.
Voltando a primeira pergunta, de
quem é esse hospital? De meia dúzia de pessoas, que usam o hospital em
benefício próprio; ou o hospital é público, do povo de Sergipe. O que pensa Ministério
Público? Perguntar o que pensa o Governo do Estado, seria perda de tempo. Não
pensa nada, absolutamente nada.
O Hospital de Cirurgia, onde nasceu
e se consolidou a medicina moderna de Sergipe, legado de dezenas de bons médicos,
caiu em mãos inadequadas. Gente sem espírito público, que se sente donos do
hospital e, a cada dia, afundam a Santa Casa de Misericórdia de Sergipe. Quem
padece são os pacientes do SUS, que precisam dos serviços do hospital. É
urgente a desprivatização do Cirurgia.
Antonio Samarone.
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