Para onde vai o dinheiro da Saúde?
O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma pesquisa de opinião
pública (DATAFOLHA), sobre o que a sociedade pensa da Saúde. Uma surpresa: 26%
das pessoas consideram que a primeira prioridade do SUS deveria ser o combate a corrupção na Saúde. A segunda prioridade apontada, com 18%, seria reduzir o
tempo de espera para exames, cirurgias e procedimentos.
A sociedade enxerga que o que está travando a Saúde é a corrupção. As
pessoas não se conformam, por exemplo, como o Estado de Sergipe gasta 1 bilhão
por ano na Saúde, e não consegue oferecer um serviço descente. Isso mesmo, 1 bilhão.
Os especialistas em gestão pública estimam que 30% dos recursos da Saúde
são desviados, não chegam aos pacientes. Desperdícios, mordomias, remédios
vencidos, internações, exames e procedimentos desnecessários. Quanto custa um
paciente 15 dias internado só esperando a realização de um procedimento?
Quanto é desviado com os sobre preços, os serviços pagos e não
realizados, os contratos lesivos ao erário público? Pensou que eu ia esquecer,
e os desvios acintosos com mimos e propinas. Os fundos de campanha e de
enriquecimento ilícito. Quanto representa a fração dos gatunos? Os ralos da
Saúde são escancarados.
O povo em sua sabedoria não sabe os detalhes, mas desconfia do “MECANISMO”.
Sei que algum descrente pode sugerir: por que você não dar logo nomes
aos bois. Uma sugestão absurda. Nem eu sei os nomes, e se soubesse, não ia
ficar com o ônus da prova, sem possuir os poderes para as investigações.
Eu falo em tese. A Constituição e as leis já definiram de quem é a competência
de fiscalizar, apurar e prender os larápios. Sei que não é tarefa simples. A própria
lava a jato, com um forte aparato institucional de investigação, com poderes
discricionários, só avançou com a delação premiada.
O certo é que o SUS não melhora com o ralo aberto. Quem vai fechar o
ralo e como, vira a grande pergunta. É o que eu espero ouvir dos candidatos a
governador: o que será feito para estancar a sangria?
Quem começar o futuro governo sem uma auditoria externa independente,
vira cumplice e começa mal. Passar a limpo e apresentar medidas para fechar os
ralos, são os primeiros passos. Sem um combate eficaz a corrupção na Saúde, o
SUS não funciona.
Antonio Samarone.
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