A Peste do Rio Ganges em
Laranjeiras (1855).
O Dr. Pedro Autran da Matta e
Albuquerque Junior (1829 – 1886), natural de Pernambuco, doutor pela Faculdade
de Medicina da Bahia em 1854. Foi cirurgião do 6º Batalhão de caçadores da
Guarda Nacional na Bahia e em Sergipe, onde clinicou.
Em Sergipe, exerceu ainda os
cargos de Inspetor de Higiene, diretor do Internato Provincial da Estância,
Inspetor Geral das Aulas na Província de Sergipe e tornou-se Deputado.
Deixou Sergipe para servir o exército
brasileiro na Guerra do Paraguai. Foi eleito membro titular da Academia
Nacional de Medicina em 1862, apresentando a Memória intitulada “O tétano é uma
perversão dos nervos do sentimento”.
Foi testemunha presente na maior
Peste ocorrida em Sergipe: a epidemia de cholera de 1855, e nos deixou um
relato real e comovente do cholera em Laranjeiras:
“Em 24 de outubro de 1855, o
flagelo desse monstro nascido nas águas do Ganges, e que se ergueu com a
mortalha em uma mão, e empunhando na outra a foice da morte, encarando a
humanidade como o seu mais encarniçado inimigo, e fazendo a sua marcha sobre
montões de cadáveres – o cholera morbus escolheu a cidade de Laranjeiras para
cobri-la com o sudário, e sepultá-la num tumulo. Dois meses de terror, desespero,
pranto e luto passou essa risonha cidade. Tudo parecia nela aniquilar-se.”
“Imensos foram os estragos e os
prejuízos causados por esse flagelo. Quem não sofreu no coração, sofreu em seus
interesses. O número de vítimas sepultados no cemitério desta cidade sobe a mais
de quatro mil. O cholera trouxe um cortejo de males para Laranjeiras, depois
que por misericórdia divina, se apartou saciado de flagelar seus habitantes.”
Antonio Samarone.
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