Sergipanidade.
O Nordeste geográfico sempre
existiu. O Nordeste enquanto formação cultural, foi uma criação recente, e
ainda está em construção. Vários movimentos, iniciativas e personagens contribuíram
para a consolidação da atual narrativa nordestina. Canudos, Padre Cícero,
Cangaço, Luiz Gonzaga, Suassuna, entre outros, criaram o Nordeste cultural.
Entre os movimentos germinadores
do Nordeste cultural se destaca o Manifesto Regionalista de 1926. Um grupo de
intelectuais pernambucanos, liderados por Gilberto Freire, resolveu abrir um
debate sobre nossas coisas, nosso modo de vida e nossos valores. Deu certo, a
cultura nordestina hoje tem amplo destaque nacional.
O Manifesto Regionalista de 1926
foi um movimento de reabilitação dos valores regionais e tradicionais do
Nordeste. Segundo Gilberto Freire: “Talvez não haja região no Brasil que exceda
o Nordeste em riqueza de tradições ilustres e em nitidez de caráter. Vários dos
seus valores regionais tornaram-se nacionais depois de impostos aos outros
brasileiros menos pela superioridade econômica que o açúcar deu ao Nordeste durante
mais de um século do que pela sedução moral e pela fascinação estética dos
mesmos valores.”
Em Sergipe as coisas não andam. A
atávica baixa estima nos oprime. Nada em Sergipe é valorizado. As festas, as
danças, as músicas, as literaturas não versam sobre as coisas de Sergipe. Salvo
em casos isolados. Só as manifestações folclóricas são consistentes. Mesmo quando
Sergipe é protagonista, não consegue destaque. Como falar em Sergipanidade? Não
é a fragilidade econômica que impede a afirmação cultural de Sergipe.
Um breve exemplo: o Cangaço, com
a sua estética, tem peso importante na construção da cultura nordestina. A
nossa quadrilha afrancesada virou um bailado popular inspirado no Cangaço. Sergipe
poderia liderar nesse campo, afinal, Poço Redondo foi cenário decisivo. Os descendentes
de Lampião são sergipanos. Não estou discutindo se Lampião é bandido ou herói, esse
é outro papo. A verdade é que Lampião se tornou lenda, e as lendas são
construções livres do imaginário popular.
Fui a missa dos 80 anos da morte
de Lampião, na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe. Um evento que atrai
muita gente. Os hotéis de Piranhas, Alagoas, estavam lotados.
Mas um detalhe: vejam o cenário da missa. Pela foto, onde fica a Grota do Angico?
Mas um detalhe: vejam o cenário da missa. Pela foto, onde fica a Grota do Angico?
Antonio Samarone.
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