quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

MESTRES DA MEDICINA EM SERGIPE - Gilson Feitosa.


MESTES DA MEDICINA EM SERGIPE.

GILSON SOARES FEITOSA – Nascido em Aracaju, em 21 de janeiro de 1947, filho do contabilista Manoel Feitosa e da professora Gisela Soares Feitosa. A família é de Porto da Folha. Gilson tem um irmão, o engenheiro Gilvan Soares Feitosa. O curso primário foi realizado na Escola Menino Jesus, deixando excelentes recordações, sobretudo as aulas de “descrição”; o ginásio foi dividido, os dois primeiros anos no Jackson de Figueiredo, e os dois últimos no Salesiano. A mudança teve um bom motivo: Gilson Feitosa adorava futebol, e no Salesiano este esporte era estimulado. Ele foi meio-campista do Estrela, destacado time de pelada, quase imbatível em suas hostes. Gilson é torcedor do Sergipe. Até os 14 anos, viveu e brincou livremente nas ruas do Aracaju. Gilson não se destacava nos estudos, fazia as tarefas, mas sem a dedicação posterior, que só começaria no glorioso Atheneu Sergipense, onde fez o científico.

A partir do Atheneu Sergipense, Gilson Feitosa recebeu a influência de grandes professores: Marcos Pinheiro, na química; Fedro Portugal, na biologia e Leão Magno Brasil, na matemática. Tomou gosto pelos estudos, e passou a ler, ler muito, devorar os livros. Isso lhe abriu a mente. Logo cedo despertou para a beleza da biologia, e decidiu que seria médico. Durante o 2º ano científico, frequentou o pré-vestibular beta, dos professores Fedro Portugal, Eduardo Garcia e Caetano Quaranta. Mesmo na época já existindo Faculdade de Medicina em Sergipe, a fama da primeira faculdade de medicina do Brasil, lhe empurrou para a Bahia. No segundo semestre do 3º ano científico, transferiu-se para o famoso Ginásio Central da Bahia. Para sua surpresa, notou que a bagagem levada de Sergipe era suficiente. No vestibular da Federal da Bahia de 1965, três sergipanos saídos do Atheneu, passaram em primeiro lugar: Gilson Feitosa na medicina, Carlos Henrique na engenharia e George Felizzola em geologia. Na mesma turma de medicina estudaram os sergipanos Rinaldo Prado e Leila Andrade. Alguma dúvida sobre a qualidade o ensino público em Sergipe, na época?

Durante o curso de medicina Gilson Feitosa aproximou-se do destacado professor Heonir Rocha, piauiense, catedrático de terapêutica clínica, Reitor da Universidade Federal da Bahia. Essa amizade durou para sempre. Gilson Feitosa concluiu com brilhantismo o curso de medicina em 15 de dezembro de 1970. Após a formatura, dois fatos importantes: casou-se com a baiana Ana Lúcia Freitas Feitosa, amor de sua vida, e vai fazer residência médica nos Estados Unidos. Cursa a residência em medicina interna no Medical College da Pennsylvania de 1972 a 1973; e a residência em cardiologia no Medical College da Pennsylvania de 1973 a 1975, nos EUA. Nesse período, a cardiologia está passando por grandes transformações. Antes, só o estetoscópio a radiografia de tórax e o eletrocardiograma. Em 1970, O cirurgião argentino René Favaloro, criou a cirurgia de ponte de safena; e em 1977, Andreas Gruentzig realizou a primeira angioplastia com balão. A cardiologia dispara. Gilson Feitosa conclui os estudos nos EUA cheio de conhecimentos e novidades.

Depois de muitas dúvidas, Gilson Feitosa decidiu retornar ao Brasil, a sua esposa estava grávida e ele queria que o seu filho fosse brasileiro. Em 1975 ele voltou, e voltou para a Bahia. Começou a trabalhar na clínica privada, e já em setembro, Gilson foi aprovado em concurso público para professor de medicina na Federal da Bahia. Em 1978, quando terminou o estágio probatória, o seu contrato não foi renovado, mesmo ele concursado. Atribuiu-se as disputas internas na UFBA, e ao fato dele pertencer no grupo de Heonir Rocha. Esse fato levou a uma demorada greve estudantil.

Gilson Feitosa cansou-se com o aborrecimento e, em 1979, aceitou o convite para ser professor titular da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, onde permanece até hoje. Assumiu o cargo de coordenador da residência em cardiologia do Hospital Santa Izabel, da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, em 1982, permanecendo até o momento. Assumiu a direção de ensino e pesquisa do mesmo hospital, desde 2005, permanecendo até o momento. Foi presidente da comissão científica da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) de 1989 a 1991 e de 1993 a 1995; presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) 1999-2001; e presidente da Sociedade Sul-Americana e Cardiologia (SSC) de 2004-2006. É membro da Academia de Medicina da Bahia, desde 2004.

Gilson Feitosa tem três filhos, Gilson Soares Feitosa Filho, Luciana Feitosa Seabra e Gustavo Freitas Soares, todos médicos cardiologista, e tem quatro netos. Como professor de medicina e conceituado mestre de várias gerações, Gilson Feitosa tem uma preocupação: os atuais médicos estão se formando com um elevado acervo de conhecimento e baixo discernimento. Perderam a reflexão e a capacidade de análise. A boa conduta, a atitude ética não se aprende pela internet, precisa-se do exemplo do professor. Exemplos cada vez mais raros. “Precisamos de uma reordenação do ensino médico no Brasil, a exemplo do realizado por Abraham Flexner no inicio do século XX, nos Estados Unidos”, disse o mestre.

Antônio Samarone.

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