A Missa do
Galo.
O Natal vem
de longe. Muitos cristãos lamentam que perderam a data para Papai Noel, e
alertam que o Natal deveria comemorar o nascimento de cristo, longe dessa orgia
de consumismo. Contudo, o mercado monopolizou o Natal. Será se Cristo nasceu
mesmo em 25 de dezembro? O inverno é
rigoroso para as bandas de Israel nesse período, e esse menino numa estrebaria.
Sei não...
Dizem os
antigos que o Natal era uma festa pagã, chamada de Natalis Solis Invicti
("nascimento do sol invencível"), em homenagem a Mitra, deus persa. Enfeitar
árvores, iluminar ruas, trocar presentes, reunir-se em torno de uma mesa farta
é festa pagã. Os romanos cristianizaram o Natal por volta do ano 354, e
passaram a comemorar o nascimento de Cristo. De uns tempos para cá, o mercado tomou
a data de volta e instalou o Papai Noel no Trono.
Em meu
universo infantil não existia Papai Noel. Natal era o aniversário de Cristo, e
a solenidade máxima era a missa do galo. Ninguém fazia nada antes da missa,
geralmente cantada, cheia de pompas. Depois, só depois, íamos a feirinha de
Natal, a parte pagã da festa. No meu caso, sem ceias e sem presentes. Do
consumismo só uma roupa nova, não se ia ao Natal com roupa usada, mesmo os
pobres. A feirinha de Natal era um modesto parque de diversões num terreno
empoeirado e bancas de jogos de azar. Sorteava-se de tudo, em especial a
goiabada peixe. Os mais abastados comiam arroz amigo com galinha de capoeira,
na hora de ir embora.
Portanto, esse
Natal de mercado não me atrai. Não gosto de Papai Noel, nunca achei graça, acho-o
dissimulado. Nem a ceia me alegra, não gosto de peru e estou de dieta. Tenho
saudades somente da missa do galo, que os católicos abandonaram. Acho que foi
depois do Concílio Vaticano II. Li uma crônica nas redes sociais, feita por um
padre amigo, que escreve bem, mas não falou na missa do galo. Até o padre
esqueceu. Acho que o mercado impôs Papai Noel porque facilitamos. Quero a missa
do galo de volta, e a meia-noite.
Antônio Samarone.
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