O 167º Aniversário do Aracaju.
(por Antonio Samarone)
A Capital nasceu no povoado “Santo Antonio do Riacho do Aracaju”. A grafia nos documentos antigos é “Santo Antonio do Aracaju” e não “de Aracaju”, como se escreve hoje. A Carta de Pero Gonçalves, de 1602, cita o Riacho do Aracaju.
O Rio do Aracaju é uma homenagem ao famoso morubixaba Aracaju, que a história esqueceu de guardar o nome, mas a geografia guardou. Suponho que o antigo Rio do Aracaju (Rio Marecaji, nos mapas de Barléu), seja o atual Rio do Sal.
O povoado de Santo Antonio do Riacho do Aracaju é antigo. Existem registros da capelinha de Santo Antonio (hoje Igreja), ligada a Freguesia de Nossa Senhora do Socorro, desde 1755. Foi o seu primeiro capelão o padre Luiz do Brito Soares, em 1788.
O mapa da povoação do Aracaju em 1854, elaborado pelo engenheiro Cabrita, aparece limitada ao Norte pelo Morro do Urubu, ao Sul pelo Rio Poxim, regada pelos riachos Aracaju e Olaria ao Norte, o Caborge ao centro e o Tramandaí ao Sul. Aracaju era a sultana das águas.
Inácio Barbosa não levou em conta a insalubridade do local: um vasto pântano cercado por lagoas e dunas. Uma praia deserta, paraíso dos miasmas! Ele foi a primeira vítima.
Inácio Joaquim Barbosa chegou à Sergipe em 17/11/1853 e faleceu às 5 horas da manhã do dia 06/10/1855, aos 33 anos, na cidade da Estância, vitimado pela malária (sezão, impaludismo). Foi atendido em Estância por uma junta médica composta pelos doutores: Antonio Ribeiro Lima, Joaquim José de Oliveira, Francisco Sabino Coelho Sampaio e Francisco Alberto de Bragança.
Inácio Barbosa foi sepultado na Igreja Matriz de Estância, às 10 horas, num sábado, dia 07/10/1855. Depois os seus restos mortais foi transladado para Aracaju.
A Sede do Governo foi uma casa acanhada cedida por Dona Rufina Francisco de Araújo, sendo o primeiro palacete do Aracaju.
As primeiras ruas foram a Aurora, São Salvador, Laranjeiras, São Cristóvão, a Estrada do Santo Antonio e a Praça do Mercado. Ao poente da Capital, existia um cemitério onde foram sepultados os coléricos.
A Resolução Provincial nº 413 transferindo a Capital foi de 17 de março de 1855. Em 20 de março, três dias depois, o mapa traçado pelo engenheiro Sebastião Pirro estava pronto. Aracaju foi uma das primeiras cidades planejadas do Brasil.
O Governo Imperial aprovou a nova Capital em 08 de junho de 1855. Por conta, Aracaju realizou a sua primeira festa, com passeata e grande queima de fogos.
A disputa política em 1855, era entre os Luzias (rapinas), chefiado Por Sebastião Gaspar de Almeida Boto e os Saquaremas (camundongos), chefiado pelo Barão de Maruím.
No ano da fundação (1855), Aracaju enfrentou uma epidemia de malária que matou o fundador da cidade, e a grande Peste de Cholera Morbus, que assolava o mundo.
A primeira Postura Municipal é a Resolução Provincial nº 458, de 03 de setembro de 1856.
Aracaju não foi erguida num belo sítio geográfico, como Salvador e o Rio de Janeiro. Aracaju nasceu nos charcos. Como dizia o poeta latino: “Em cidades tornei fétidos brejos e fiz dos charcos ressurgir o Império”,
Luiz Antonio Barreto afirmava que Aracaju era o resultado do trabalho do povo sergipano, uma ação de aterros e embelezamento das áreas aterradas. Aracaju não nasceu bela, foi embelezada pela ação do homem.
Aracaju precisou se transformar num grande aterro para tornar-se habitável. Agora precisamos sanear esses aterros.
O embelezamento emporcalhou os Rios. Hoje estamos numa encruzilhada: o futuro de Aracaju está na dependência do saneamento e da limpeza dos seus rios, lagoas, manguezais, dunas e bacias hidrográficas.
O Rio Sergipe precisa voltar a ser um balneário, espaço de regatas e competições à nado. Em breve, em todo 17 de março, poderemos comemorar com uma travessia à nado entre a Rua da Frente e a Barra dos Coqueiros. Como era antes!
O Riacho Tramandaí, no fundo do Batistão, voltará a ser um local de banhos. Hoje é um riacho de merda que desemboca na Praia Formosa.
Espero alcançar este dia!
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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