Ranulpho Hora Prata – o
fundador da radiologia em Sergipe.
Nasceu em 04 de maio de
1896, em Lagarto/SE, filho de Felisberto da Rocha Prata e Ana de Vaaconcelos
Hora. Inicia os estudos em Estância, depois transferiu-se para Salvador onde
concluiu o Ginásio. Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, estudando até o
quarto ano, quando se transfere para Rio de Janeiro, concluindo o curso em 30
de dezembro de 1919, defendendo a tese “Do Riso”.. Em seguida transferiu-se
para Mirassol, SP, onde se casou com Dona Maria da Glória Prata. Em 1925
retorna a Sergipe, a convite de Augusto Leite, para organizar o serviço de radiologia
do Hospital de Cirurgia. Em 1927 foi para Santos, ocupar a vaga de radiologista
na Santa Casa de Misericórdia. Pai do Dr. Paulo Prata (filho único) e avô de
Henrique Prata, do conceituado Hospital de Câncer de Barretos, SP. Faleceu em
São Paulo, tuberculose, em 24 de dezembro de 1942, aos 47 anos, internado no
Hospital Santa Cruz.
Ranulpho Prata é Patrono da
cadeira sete da Academia Sergipana de Letras e da cadeira vinte e tres da
Academia Santista de Letras. Aprovado para a cátedra de literatura do colégio
Pedro II, em Aracaju, cargo que não assumiu. Escreveu o tropeiro, conto, 1916; O
Triunfo, romance, 1918; Do Riso, tese de medicina, 1921; Dentro da Vida, novela,
1922; a Longa Estrada, contos, 1925; o Lírio na Torrente, romance, 1926; Lampião,
documentário – 1934; Navios iluminados, romance, 1937. Vários manuscritos
ficaram inéditos, inclusive um romance Uma Luz na Montanha.
Qual o lugar de Ranulpho
Prata na literatura brasileira? O crítico Geraldo Azevedo (1955), citado por
Paulo de Carvalho Neto, faz a seguinte
análise: “Não será inverdade afirmar que Ranulpho Prata é um dos grandes
injustiçados da literatura nacional. Nossa crítica, tão pródiga em dispensar
elogios, ainda não se deteve para estudar a obra, não muito vasta, do escritor
sergipano. Compreende-se até certo ponto essa ausência: é que Ranulpho Prata, de
temperamento arredio, lutando sempre contra a pertinácia da doença (a
tuberculose não tinha cura), vivendo exclusivamente para o trabalho e a
família, não teve tempo de brilhar nas reuniões pseudos literárias, em que o
cabotinismo, a auto incensação, a bajulação sem termo nem medida tomam a maioria
das horas daqueles que procuram a glória sem querer participar das renúncias
que a arte exige dos seus seguidores. Felizmente, o tempo não conserva ídolos
de barro. E os que viveram uma vida literária sem literatura acabarão por ceder
o lugar que injustamente ocupavam aos homens de têmpera e valor. Um dia, quando
se fizer uma revisão honesta da história de nossas letras, Ranulpho Prata de
certo aparecerá com o esplendor de sua grandeza humana. A obra que construiu
cheia de brasilidade e calor, de ternura e emoção emergirá do esquecimento
atual para o deslumbramento das gerações futuras. Nesse dia, a crítica
literária nacional, terá apagado da história de nossas letras mais uma
injustiça. “
Paulo de Carvalho Neto nos
conta uma passagem deliciosa da amizade Lima Barreto com Ranulpho Prata: “Lima Barreto
elogiou o livrinho – conta Ranulpho Prata a Silveira Peixoto, em 1940 -, e foi
visitar-me no Hospital do Exército, onde eu era interno. A visita desse mulato
genial deu-me grande alegria. Sentados num dos bancos do imenso parque do
hospital, o Lima, meio tocado, como sempre, mas perfeitamente lúcido, claro,
brilhante mesmo, queria saber com segurança se a Angelina do romance era realmente
bonita como eu a pintara. Todos os ficcionistas, dizia-me com ironia, tem a
mania de fazer belas raparigas das cidades pequenas. Nos lugares por onde eu
andara não vira nenhuma... Eram todas feias, grosseiras, desalinhadas... E eu
garanti que a minha Angelina era, positivamente, encantadora, capaz de virar
cabeças sólidas de gente das grandes cidades. “
Uma literatura social
influenciada por Jackson de Figueiredo, de quem era grande amigo. Uma poesia em
defesa dos oprimidos de inspiração cristã, é essa a sua obra. Mais recentemente
Ranulpho Prata começou a ser descoberto pelos estudiosos da literatura, a sua
obra foi tema para tese de mestrado “História e Literatura no Porto de Santos –
o romance de identidade portuária, Navios Iluminados, defendida por Alessandre
Alberto Atanes Perreira, na Universidade de São Paulo; bem como teve o citado livro republicado pela editora da USP.
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