A trilha de Santo Antonio Fujão será retomada.
Duas coisas unem os ceboleiros: Santo Antonio e a Associação
Olímpica de Itabaiana. Falemos do Santo. Com a chegada dos sesmeiros (século
XVII), fundou-se no vale fértil do Jacarecica, o Arraial de Santo Antonio, onde
se construiu a primeira igreja. O passo seguinte foi transforma-lo em Villa.
Criou-se a Irmandade das Santas Almas do Fogo do Purgatório
(1665), para viabilizar a compra de um sítio na localidade da Caatinga de Ayres
da Rocha, visando se construir a sede da Villa e uma nova igreja. O sítio
pertencia ao padre Sebastião Pedroso de Gois, de São Cristóvão. Aqui houve
divergências: como transferir a comunidade do Vale do Jacarecica, às margens de
um rio, para um locar árido e sem água. O povo não aceitou. Como o padre tinha
interesse em vender a sua propriedade, inventou a lenda de Santo Antônio Fujão.
Isso eu aprendi na escola de Dona Jozeíta, no Beco Novo.
O padre trazia Santo Antônio para a sua propriedade, e
colocava-o debaixo de uma quixabeira. Depois espalhava que o santo fugiu. O
povo caia no mato a procurar a imagem. Quando a encontrava, sempre no mesmo
local, fazia uma procissão levando o santo de volta. O padre nas missas usava
esse argumento, para ajudar ele vender o sítio. Vocês querem o Arraial aqui,
mas o santo quer lá, e agora? Prevaleceu o prestígio de Santo Antonio.
Esse ano, no próximo 13 de junho, esse caminho de idas e
vindas de Santo Antônio Fujão será retomado. As 6 horas da manhã, em ponto,
Santo Antônio Fujão estará saindo da igreja velha, em direção a quixabeira da
Praça da Matriz. A Associação Sergipana de Peregrinos se fará presente.
Esperamos o comparecimento de todos, fieis e infiéis...
Nesse furdunço de retomar a trilha de Santo Antônio Fujão,
identificamos mais uma explicação para o nome da Villa de Santo Antônio e Almas
de Itabaiana. Existem várias hipóteses. Desde a bobagem que Ita é pedra em
Tupi, referindo-se a serra, e baiana era uma moça bonita que morava por aqui;
até versões mais eruditas.
Sem pretensões a exclusividade, arisco mais uma explicação:
no livro “O Tupi na Geografia Nacional, de Theodoro Sampaio (1911),” o nome da
serra de Itabayana deriva de tabayan ou tabanga; taba-y-na, taba-anga, significando
morada das almas. Eu ainda alcancei o povo chamando Tabaiana. Nessa versão, a
serra era um cemitério dos Tupinanbás, a morada das almas, comprovada
recentemente pelo naturalista Marcos Mota, filho de Tonho de Libanio, que
descobriu grutas e cavernas no pé da serra (onde se enterrava os mortos).
Nessa nova versão, fica fácil entender o vocábulo “Alma” no
nome da Villa. Santo Antonio era o nome do Arraial, e Almas era uma referência ao
nome da serra, Taba-anga (morada das almas), um secular cemitério dos índios.
Portanto, Villa de Santo Antônio e Almas de Itabaiana.
Antonio Samarone.
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