Aracaju: o nó no trânsito e as
saídas. (por Antônio Samarone)
Em agosto de 2019, no mês
passado, Aracaju possuía uma frota de 350 mil veículos, para uma população
estimadas em 650 mil habitantes. Um veículo para cada duas pessoas,
aproximadamente. Se desconsideramos os menores e os idosos acima de 80 anos,
sobrará quase um veículo por habitante. Sem contar com a frota da Grande
Aracaju, que roda a maior parte do tempo por aqui.
O grande nó passou a ser a fluidez.
De nada serve o potente e confortável veículo se ele não anda. A velocidade média
de 10 Km/hora.
O que fazer?
A saída tradicional da
engenharia em priorizar o transporte coletivo, não deu certo em Aracaju. O
número de passageiros vem diminuindo.
Construir novas vias, viadutos,
rotulas, duplicações, binários, tuneis são economicamente inviáveis. Aracaju,
há décadas, é um paraíso da especulação imobiliária, por isso as suas ruas e
avenidas são tão estreitas. Muitas vezes invadidas. Os espaços públicos são estreitados,
exíguos, minúsculos. Não se construiu uma grande avenida nos últimos 30 anos,
só promessas.
Usar o transporte fluvial? Já
foi estudado: pareceu economicamente inviável.
Construir uma rede de
ciclovias integradas, pensando num transporte sustentável? Bicicletas,
patinetes elétricos, e novos modais. Criar alternativas para os pedestres, com
calçadas livres e seguras. Travessia nas faixas priorizadas. Tudo isso é
cidadania, tudo isso é sonho, qualidade de vida. Ainda estamos longe.
Semáforos “inteligentes” é
pura fumaça, com reduzido impacto na fluidez.
Aracaju ainda não travou de
vez, pela opção forçada que as pessoas fizeram por motos, Uber, táxis, mototáxis,
o que aliviou os engarrafamentos, por ocuparem menos espaços. A opção pela alternativa
moto agravou os riscos de acidentes, mas melhorou a fluidez.
Aracaju possui 180 mil
automóveis e 82 mil motos e similares. Já, já, as motos superam os automóveis.
O que sobra de alternativa
para aliviar a fluidez, com baixo investimento?
Em todo centro expandido de
Aracaju, no antigo “quadrado de Pirro”, parte planejada da cidade antes das
construtoras, as ruas possuem 12 metros de largura: 3 metros de calçada, 1,5 m de
cada lado, e pista de rolamento de 9 metros, com três faixa de circulação. Um
dessas faixas é ocupada atualmente com estacionamento. Gente que chega cedo e
passa o resto do dia ocupando o espaço público.
Uma alternativa é construir
novos corredores, o que apontou os estudos. Bastava proibir o estacionamento nessas
vias congestionadas, que se ganharia uma nova faixa para a circulação. Teríamos
33% a mais de espaço disponível, melhorando significativamente a fluidez. Apenas,
iriamos contrariar os interesses de meia dúzia, que usa as vias pública
privadamente, para estacionar os seus veículos.
É aí reside uma dificuldade:
tomar essa decisão, contraria alguns interesses.
Essa alternativa já foi
tentada, mas forças poderosas impediram, com a alegação de que sem
estacionamento na porta o comércio do Centro quebraria. Claro, essa tese é totalmente
falsa. A saída com o estacionamento rotativo foi tentada sem sucesso, o espaço
continuava ocupado, só que por carros diferentes.
Fluidez é a resultante da
relação entre os veículos circulantes com os espaços disponíveis. Em Aracaju, uma
alternativa de baixo custo é disponibilizar os espaços usados como estacionamentos,
para a circulação dos veículos. Simples! Só que essa decisão só será tomada por
um Prefeito com grande espírito público, sem jeitinhos e sem malabarismos
políticos.
Por enquanto, continuaremos
impacientes, com um trânsito quase travado.
Antônio Samarone.
Esses dias, vi um aviso no elevador do prédio da minha sogra sobre uma manutenção da Sergas, das 15 às 16 horas. De pronto, pensei: se fosse a prefeitura, seria das 11 às 13 horas.
ResponderExcluirPor que que o trabalho não pode ser feito à noite e nos fins de semana? E por que o asfalto, melhor dizendo, o glacê, é tão ruim? E por que fazer, se no próximo ano já vai estar tão ruim que terá de fazer de novo? É só para atrapalhar.
Solução para a fluidez.
ResponderExcluirPinta mais faixa de rolagem e diminuir a velocidade.
Isso foi feito por um bestão no passado não muito distante.
Exemplo. Temos a pista na frente da Embrapa/Sementeira.
Tenta colocar 3 carros andando em paralelo sem que eles colidam. Missão impossível.