A Bienal de Itabaiana (2019). (Por Antônio
Samarone)
Numa palestras recente, Vargas
Llosa pediu para que as crianças lessem, para não serem enganadas. Pediu para
que procurassem uma literatura crítica, com a capacidade de manter vivo o
descontentamento com a realidade, e que se afastassem das artes como puro
entretenimento.
“O entretenimento é divertido e
fácil de digerir, mas não acho que, como a literatura, forme cidadãos ideais
para uma sociedade democrática. Os livros deixam uma marca muitíssimo maior;
geram cidadãos com um espírito crítico, e a democracia não pode sobreviver sem
um espírito crítico.” (Llosa)
O medo de Vargas Llosa é que a
mediocridade invada também a literatura, a poesia e as artes em geral.
“Os tempos mudaram. Ninguém tomou
a Bastilha, nem pôs fogo no Reichstag, o Aurora não fez um único disparo. E, no
entanto, o ataque foi lançado e teve êxito: os medíocres tomaram o poder.” (Deneault)
“O que faz de melhor uma pessoa
medíocre? Reconhecer outra pessoa medíocre. Juntas se organizarão para puxarem
o saco uma da outra, vão se assegurar de devolverem favores uma à outra e irão
cimentar o poder de um clã que continuará a crescer, já que em seguida encontrarão
uma maneira de atrair seus semelhantes.” (Musil)
Acredito que a Bienal de
Itabaiana seja parte dessa resistência à mediocridade, um chega prá lá na
estupidez...
Antônio Samarone.
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