(Cap. IV)
Sergipe Antigo. (Ciri-gy-pe – rio
dos siris). (por Antônio Samarone)
Um Sergipe pouco conhecido (1501
a 1530) – Presença dos franceses.
A expedição portuguesa de 1501
encontrou em Sergipe os Tupinambás, que dominavam todo o litoral, com 36
aldeias e uma população estimadas em 40 mil índios. Mais para o sertão,
encontraram em menor número os kiriris, Boimés, karapotós, Aramurus e os
kaxagós. Sebrão Sobrinho incluiu os Guajajaras, no território de
Itabaiana.
A primeira descrição portuguesa
dos índios está na carta de Pero Vaz Caminha: “Eram pardos, todos nus, sem
coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas
setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que
pousassem os arcos. E eles os pousaram.”
No início, o Rei Dom Manoel (1495
– 1521), o venturoso, não se interessou pelo Brasil, não possuía nem metais
preciosos nem especiarias. Demorou a ocupação do vasto território, apenas
algumas expedições de reconhecimento. Portugal priorizava a consolidação de
outras possessões marítimas, sobretudo na Índia.
Valendo-se do abandono, os
franceses estabeleceram um comércio regular de pau-brasil com os índios. Neste
período, a Terra de Santa Cruz foi um paraíso de degredados e piratas. Em
Sergipe, além das relações comerciais, franceses e tupinambás firmaram relações
de parceria e amizade, desde 1504.
Em Sergipe, os Tupinambás foram
aliados dos Franceses, chamados de “mair”; e devotavam profundo ódio aos
portugueses, chamados de “pero”.
Cândido Mendes de Almeida, em seu
artigo “Os primitivos povoadores”, revista do IHGB, edição de 1877, informou
que a primeira expedição de reconhecimento da terra descoberta em 1501 (Américo
Vespúcio), ancorou por cinco dias na enseada de um rio com uma densa mata de
canafístula ou cássia (tapyra-coynana) em suas margens. Pela descrição, Mendes
acreditou tratar-se do rio Irapiranga dos tupinambá, denominando-o rio
Canafístula ou Cássia.
No decorrer do século XVI, diante das dificuldades de navegação em sua enseada, as embarcações eram obrigadas a reduzir o seu peso, tendo portanto que eliminar alguns tonéis (barris).Por conta disso, o Rio passou a se chamar Vaza Barris.
Nas expedições seguintes Sergipe
foi ignorado. Em 1503, ocorreu a expedição comandada por Gonçalves Coelho. Em
1516 e 1526, ocorreram mais duas expedições, comandadas por Cristóvão Jacques,
visando proteger as costas brasileiras dos franceses.
Visando proteger as Terras do
brasil, em 03 de dezembro de 1530, el Rei D. João III enviou uma armada, com
400 homens, comandada por Martins Afonso de Souza. Em 11 de março de 1532, a
esquadra chegou ao Rio São Francisco, não deu atenção ao território sergipano e
em 13 de março, dava entrada na baia de todos os santos. Fundaram a primeira
vila portuguesa no Brasil, São Vicente. Iniciava-se a colonização portuguesa na
América.
Diogo Alvares Correia (Caramuru –
homem de fogo) chegou às costa brasileira por volta de 1510. Caramuru, faleceu em 05 de outubro de 1557,
na Povoação do Pereira, sendo sepultado no Mosteiro de Jesus, colégio e igreja
da Companhia de Jesus.
Não encontrei registros da
presença de portugueses em Sergipe entre 1501 (expedição de Américo Vespúcio) e
1530 (expedição de Martim Afonso de Souza). Os Tupinambás de Sergipe mantiveram
plena relação de amizade e comércio com os franceses.
Em seu diário de navegação, Pero
Martins de Souza (1531) relata uma batalha naval entre os Caetés de Alagoas, em
suas Igaraçus (canoas grandes) de piripiri; e os Tupinambás do lado de Sergipe,
em suas canoas de tronco escavados das grandes árvores, envolvendo mais de seis
mil guerreiros e cem embarcações de cada lado.
Segundo Moacyr Soares Pereira, em
sua igaraçús de piri-piri, nas águas do rio e do mar, os destemidos Caetés da
margem esquerda do São Francisco guerreavam os Tupinambás da margem oposta
sergipana, do litoral baiano e da própria Bahia de Todos os Santos. Os seus
contrários deviam empregar nas lutas as canoas de tronco escavado das grandes
árvores.
Havia harmonia e cooperação entre as 26 aldeias Tupinambás situadas no território de Sergipe. Talvez tenha sido esta a principal do retardo da conquista desta região e o fator de coesão do território, levando a constituição da chamada Capitania de Sergipe Del Rey, depois província e estado independentes.
Havia harmonia e cooperação entre as 26 aldeias Tupinambás situadas no território de Sergipe. Talvez tenha sido esta a principal do retardo da conquista desta região e o fator de coesão do território, levando a constituição da chamada Capitania de Sergipe Del Rey, depois província e estado independentes.
Antônio Samarone.
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