Gente
Sergipana – Maria Carreiro (In memoriam). (por Antônio Samarone)
Maria da Graça
do Amorim (Maria Carreiro), nasceu no início do século XX (15/04/1910), no Tanque da Caatinga,
nas brenhas do Campo do Brito. Filha única de Seu Manoel carpinteiro, artesão
de gamelas, e de Dona Josefa.
Maria Carreiro
nunca pôs os pés numa escola, onde morava não existia. Desde menina, tomava
conta do carro de boi do pai, único meio de transporte naquelas bandas.
Amansava boi e montava a cavalo em pelos. Fazia de tudo no trabalho agrícola.
Já moça, foi
inspecionar as arapucas que tinha armado para pegar nambu, e cruzou com Constantino,
um pequeno fazendeiro de Itabaiana, com pose de rico. O estranho ficou
impressionado com a beleza de Maria Carreiro. Uma Tupinambá saída da mata.
Constantino
Alves do Amorim era de família remediada. Filho de Chico do Carmo, irmão de
João Teixeira (pai de Oviedo Teixeira). Família importante em Itabaiana.
Constantino se apaixonou por Maria Carreiro. Acertado o casamento, ela impôs uma
condição: quem guia o carro de boi sou eu, você abre as cancelas.
Maria Carreiro
ganhou do pai, como presente de casamento, um carro de boi. Chegando no Sítio
Porto, em Itabaiana, terra do marido, ela montou uma frota. Passou a trabalhar botando areia,
pedra, lenha para as padarias, tudo era transportado de carro de boi.
No primeiro
calçamento de rua em Itabaiana, ela passou a trabalhar para a Prefeitura,
botando areia lavada para a realização da obra. Naquele tempo não existia
cimento. No povoado Matapuã, em Itabaiana, existia diversos fornos de
fabricação de cal. Todo o transporte era realizado por Maria Carreiro.
Dona Maria
Carreiro era respeitada por todos. Saia comprida, pelo mocotó, casaco com 4
bolsos, alpercatas de couro, chapéu de palha, um facão de 16 polegada na
cintura e, se precisasse, tinha em casa uma espingarda de “soca tempero”. Onde
chegava se impunha.
Maria Carreiro
nunca teve menos de 20 bois de brocha no pasto. Quando iam envelhecendo, elas
mesma amansava os novos, botava cambão nos bichinhos.
O coração era
udenista, mas era amiga tanto de Dona Sinhá (esposa de Euclides Paes Mendonça);
como de Dona Pequena (esposa de Manoel Teles), os dois chefes políticos da
região.
Maria Carreiro
teve cinco filhos. Zé, Celina, Antônio, João e Inês. Dona Celina é a mãe dos
Amorins famosos (Edvan e do Senador Eduardo).
Maria Carreiro
enviuvou cedo. Seu Constantino foi atravessar a BR, levando a boiada para o
pasto, e foi atropelado pelos carros modernos (05/04/1977).
Dona Maria
carreiro era viciada no trabalho. Com chegada da modernidade e o fim dos carros
de boi, Maria Carreiro abriu um comércio na feira de Itabaiana. Vendia de tudo,
menos carne, ela dizia a quem perguntasse.
Dona Maria
Carreiro foi um exemplo de independência e altivez. Morreu (02/07/1987) com mais de 80 anos,
sem nenhuma doença. Morreu porque chegou a hora, de velhice, como se dizia.
Numa terra de
grandes matriarcas, Maria da Graça do Amorim foi um exemplo.
Antônio Samarone.
Tenho muito orgulho de tê-la como bisavó. Vivi os melhores 10 anos da minha vida ao lado dessa guerreira, minha "Aía", como eu a chamava com tanto carinho. Sinto sua falta! Você mora em coração!!! TE AMO INFINITAMENTE!!
ResponderExcluirAss.: Carla Amorim (bisneta mais velha)
Aía, uma mulher guerreira e honesta, dona de um amor e carinho indescritível. Ao seu lado e ao lado de vó Inez (filha) aprendemos muito. Foi uma infância cheia de cuidados e com o melhor sentimento (AMOR). Nossa Aía faz falta, mas levaremos como ensinamento sua garra e honestidade. Como somos parecidas! Obrigada por tanto amor, e por ter nos criado da melhor forma, tudo está muito bem gravado em minha memória. TE AMO!
ResponderExcluirAss: Thayse Amorim (sua bisneta Thaysinha)