Melancolia...
(por Antônio Samarone)
As doenças também
são históricas: aparecem, causam sofrimentos, ficam importantes, assumem ares
de gravidade e depois somem. Deixa-se de se falar...
Na antiguidade
se conhecia a mania e a melancolia (ou simplesmente a loucura). O livro “De
Causis et Signis Morborum”, Areteus (AD 150 – 200), descreveu a melancolia: “os
pacientes são obtusos, desanimados, lentos, irritados e insones. São inclinados
a mudar de pensamento rapidamente, podem ser medíocres, extravagantes e
generosos. Manifestam ódio, evitam a convivência, se queixam da vida e querem
morrer.
A melancolia
foi uma doença grave até o século XVIII. O melancólico se isola, delira, tem
medo de ser perseguido, sofria alucinações profundas. A melancolia era um modo
severo de distúrbio mental. Na visão hipocrática, a melancolia era causada pelo
excesso de bile negra (mélaina cholé).
A melancolia era vista como um começo,
uma parte da mania. Os psiquiatras franceses do século XIX, criaram a psicose
maníaco depressiva (PMD). Kraepelin (alemão) incorporou a PMD em seu Manual de
Psiquiatria (1899).
O tratamento
da melancolia no século XVI: exercícios, distrações, viagens, purgantes,
sangrias, dietas e moderação sexual. A musicoterapia também era apreciada. Uma
recomendação que está na Bíblia, no livro de Samuel [16:23]: “E aconteceu
quando o espírito ruim de Deus estava sobre Saul, que David tomou a harpa, e
tocou-a com a sua mão: assim Saul refrescou, e ficou bem, e o espírito ruim
partiu dele.”
A loucura
melancólica era vista como a única resposta de um homem inteligente para um
mundo louco. A melancolia saiu de moda. Alguns apressados afirmam que a
depressão é o nome atual da melancolia. Não vejo essa continuidade, são doenças
distintas... Poderíamos dizer: a depressão herdou alguns sintomas da
melancolia, e só.
Antônio Samarone.
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