quinta-feira, 28 de março de 2019

AS CASTANHAS DO CARRILHO


As castanhas do Carrilho... (por Antônio Samarone)

Mas não é sobre as castanhas que eu quero falar, mas sobre o povoado Carrilho. Luiz Antônio Barreto sempre perguntou, de onde vem esse nome, será uma homenagem a Fernão Carrilho, um dos capitães do mato que ajudou na destruição do Quilombo dos Palmares? Fernão Carrilho passou por Sergipe?  

Edison Carneiro, em sua obra sobre Palmares, eliminou essa dúvida: Em 1670, o Governador do Brasil Alexandre de Souza Freire mandou Fernão Carrilho conquistar mocambos de negros na Capitania de Sergipe. Na primeira Entrada que fez contra esses mocambos, a maior parte do homens brancos que o acompanhava desertou. Mesmo assim, com poucos índios, Fernão Carrilho desbaratou um Mocambo com mais de duzentos negros, e fez vinte prisioneiros.

Na segunda Entrada, os 17 Tapuias que o acompanhavam também desertaram, e o Capitão Fernão Carrilho, somente com um companheiro, se atirou e destruiu mais um mocambo, fazendo doze prisioneiro. O povoado Mocambo, em Frei Paulo, não possui esse nome à toa.

Fernão Carrilho tornou-se o capitão do mato mais famoso da Bahia. De Salvador ao Rio São Francisco, combateu e derrotou todos os negros levantados.

Em 1673, o Rei, em carta de 28 de junho, lhe ordenou que auxiliasse Rodrigo de Castelo Branco no descobrimento das minas de prata de Itabaiana. Fernão Carrilho aderiu a essa vã empresa com a sua pessoa e todos os seus escravos.

Tal era a folha de serviços do Capitão Fernão Carrilho à Coroa, que em 1676, o Governador Pedro de Almeida o convidou para cabear uma expedição contra Palmares. Contudo, a sorte dele virou em 1683, em nova expedição à Palmares. A conduto Fernão Carrilho desagradou ao Governador. Fernão Carrilho foi preso e degredado para a Capitania do Ceará.

Logo Fernão Carrilho seria perdoado. Ainda realizou a sua última expedição à Palmares em 1686, por ordem do Governador Souto Maior. Fernão Carrilho não conseguiu derrotar Palmares, obrigando ao governo entregar a tarefa ao paulista Domingos Jorge Velho, a quem coube a fama de ter destruído Palmares. Jorge Velho, aposentado há 16 anos, vivia no Piauí, em terra tomada dos índios.

A última vez que se ouviu falar de Fernão Carrilho foi em 1703, ele no Maranhão, como lugar tenente do Governador.

O Portal Itnet, em 18/09/2010, na sessão entretenimento, publicou uma biografia de Fernão Carrilho que vale a pena ser consultada. Não identifiquei a autoria do texto. O Portal Klepsidra, de Fabiano Vilaça dos Santos, também apresenta outra biografia de Fernão Carrilho.

Resta saber se a prospera comunidade do Carrilho, em Itabaiana, maior produtora de castanha do Nordeste, foi local de um dos quilombos destroçados por Carrilho, em Sergipe. Tarefa que repasso para os diligentes historiadores de Itabaiana.

Antônio Samarone.

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