As castanhas do Carrilho... (por Antônio
Samarone)
Mas não é sobre as castanhas que
eu quero falar, mas sobre o povoado Carrilho. Luiz Antônio Barreto sempre
perguntou, de onde vem esse nome, será uma homenagem a Fernão Carrilho, um dos
capitães do mato que ajudou na destruição do Quilombo dos Palmares? Fernão
Carrilho passou por Sergipe?
Edison Carneiro, em sua obra
sobre Palmares, eliminou essa dúvida: Em 1670, o Governador do Brasil Alexandre
de Souza Freire mandou Fernão Carrilho conquistar mocambos de negros na Capitania
de Sergipe. Na primeira Entrada que fez contra esses mocambos, a maior parte do
homens brancos que o acompanhava desertou. Mesmo assim, com poucos índios,
Fernão Carrilho desbaratou um Mocambo com mais de duzentos negros, e fez vinte
prisioneiros.
Na segunda Entrada, os 17 Tapuias
que o acompanhavam também desertaram, e o Capitão Fernão Carrilho, somente com
um companheiro, se atirou e destruiu mais um mocambo, fazendo doze prisioneiro.
O povoado Mocambo, em Frei Paulo, não possui esse nome à toa.
Fernão Carrilho tornou-se o capitão
do mato mais famoso da Bahia. De Salvador ao Rio São Francisco, combateu e
derrotou todos os negros levantados.
Em 1673, o Rei, em carta de 28 de
junho, lhe ordenou que auxiliasse Rodrigo de Castelo Branco no descobrimento
das minas de prata de Itabaiana. Fernão Carrilho aderiu a essa vã empresa com a
sua pessoa e todos os seus escravos.
Tal era a folha de serviços do
Capitão Fernão Carrilho à Coroa, que em 1676, o Governador Pedro de Almeida o
convidou para cabear uma expedição contra Palmares. Contudo, a sorte dele virou
em 1683, em nova expedição à Palmares. A conduto Fernão Carrilho desagradou ao
Governador. Fernão Carrilho foi preso e degredado para a Capitania do Ceará.
Logo Fernão Carrilho seria
perdoado. Ainda realizou a sua última expedição à Palmares em 1686, por ordem
do Governador Souto Maior. Fernão Carrilho não conseguiu derrotar Palmares, obrigando
ao governo entregar a tarefa ao paulista Domingos Jorge Velho, a quem coube a
fama de ter destruído Palmares. Jorge Velho, aposentado há 16 anos, vivia no
Piauí, em terra tomada dos índios.
A última vez que se ouviu falar
de Fernão Carrilho foi em 1703, ele no Maranhão, como lugar tenente do
Governador.
O Portal Itnet, em 18/09/2010, na
sessão entretenimento, publicou uma biografia de Fernão Carrilho que vale a
pena ser consultada. Não identifiquei a autoria do texto. O
Portal Klepsidra, de Fabiano Vilaça dos Santos, também apresenta outra
biografia de Fernão Carrilho.
Resta saber se a prospera comunidade
do Carrilho, em Itabaiana, maior produtora de castanha do Nordeste, foi local
de um dos quilombos destroçados por Carrilho, em Sergipe. Tarefa que repasso
para os diligentes historiadores de Itabaiana.
Antônio Samarone.
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