“De erroribus medicorum” (por Antônio
Samarone)
Hoje os exames de imagens (fundo
da caverna de Platão), hegemonizaram a semiologia médica. Cada época com as
suas preferências. O objeto da medicina é o doente, o homem e o seu sofrimento.
Abandonou-se o doente, e objeto virou a doença. Das doenças avançou-se para as
representações visuais (imagens) das doenças. Por fim, a imagem ganhou
autonomia e tornou-se o objeto da medicina.
Quem não entendeu direito a referência
a “alegoria da caverna”, tá lá, na República de Platão. Mais simples, vai no
Youtube ou no Google.
Na Idade Média era a uroscopia, ou
exame da urina, o grande recurso da medicina. O exame de urina foi o primeiro exame
laboratorial, usado pela medicina. Observações básicas como cor, turbidez,
odor, volume, viscosidade, e até mesmo doçura eram decisivos para o diagnóstico.
Hipócrates escreveu um livro
sobre "uroscopia”. Na Idade Média, uma tabela de cores foi desenvolvida,
que descrevia o significado de 20 cores diferentes de urina. A semiologia
médica era reduzida ao exame de urina (e ao exame do pulso). Um bom diagnóstico prescindia da
presença do doente, bastava um recipiente com a urina.
Dirão os crédulos: as imagens
mostram mais do que a urina... A imagem fala por si, é objetiva, afasta-se da subjetividade
e das queixas dos doentes... Será?
Antônio Samarone.
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