(Cap. III)
Sergipe Antigo. (Ciri-gy-pe – rio
dos siris). (por Antônio Samarone)
Sergipe foi descoberto por Américo
Vespúcio, em 04 de outubro de 1501.
A comitiva de Pedro Alvares
Cabral, composta de dez caravelas e três navios redondos, partiu de Lisboa em
09 de março de 1500, chegando a Porto Seguro em 22 de abril. Ficaram na terra
descoberta por oito dias. Em primeiro de maio, zarparam para o seu destino
inicial, de estabelecer uma feitoria em Calecut. Portugal tinha uma população
em torno de 1,8 milhões de habitantes.
Na verdade, eles descobriram
Porto Seguro, e seguiram viagem.
Havia um cientista na Esquadra de
Cabral, Mestre João (João Faras), considerado o primeiro cientista a estudar o
Brasil. Era astrônomo, astrólogo, cosmógrafo e o médico da equipe. Cristão
novo.
A tarefa mais importante de
Mestre João foi a de descobrir que terra era aquela, a que eles aportaram em
abril de 1500. A medida da latitude foi tomada no dia 27 de abril de 1500, com
um grande astrolábio de madeira. Obteve-se o valor de "aproximadamente
17º" que comparado com o valor aceito hoje de 16º, 21'22'', pode ser
considerada bem precisa.
Na noite de 27 de abril Mestre
João se deparou com uma constelação, que já era conhecida desde a antiguidade e
servia de orientação para os navegadores ao ultrapassarem a linha do equador,
mas que ainda não tinha nome. Ao ver o seu desenho no céu, Mestre João a
comparou com uma cruz, batizando-a então de Cruzeiro do Sul. A carta escrita
por mestre João em 1º de maio de 1500, dirigida a D. Manuel, ficou perdida até
1843.
A carta de Pero Vaz Caminha, tão
bem escrita, relatando de forma entusiasmada as descobertas do Brasil não teve
repercussão à época. A carta de Caminha ficou nas gavetas dos arquivos
portugueses por muito tempo, só sendo descoberta por Ayres Cabral em 1817.
O comportamento dos portugueses ao chegarem ao
Brasil era como se a nova terra fosse a eles destinada por
Deus. Iniciaram dando nome às coisas, batizando e benzendo tudo que encontravam
pela frente, serras, rios, lagoas, baias, numa atividade adâmica, como se para
tomar posse bastasse nomeá-la.
Antes mesmo do regresso da Armada
de Cabral da Índia, em 13 de maio de 1501, por ordem do Rei D. Manuel, partiu
do Tejo a primeira expedição de reconhecimento do território recém descoberto, comandada
por André Afonso Gonçalves, chegando às costas brasileiras em 07 de agosto de
mesmo ano. Só chegaram a Portugal de volta em julho de 1502.
Foi uma expedição real com três
caravelas. A descoberta do território de Sergipe ocorreu nessa viagem. O
florentino Américo Vespúcio participou dessa expedição de 1501 como cosmógrafo
e cronista. A glória da revelação do novo mundo descoberto coube a ele. No retorno
à Europa, Américo Vespúcio publicou dois livros “Mundus Novus” e “Lettera”
reproduzindo os relatos dessa viagem.
Américo Vespúcio, o florentino
que dar o nome as Américas, entra para a história do Brasil ao divulgar uma
carta enviada a Lourenço de Medicis, tornada pública em 1503, conhecida como
“Mundus Novus”, escrita em latim. O sucesso da publicação alcançou o mundo
letrado europeu.
Em 1505 editava-se em Florença uma nova carta
de Vespúcio, destinada a Piero Soderini, a “Lettera”. Os relatos de Vespúcio
encheram o mundo de novidades, sobres novas terras e nova gente, despertou os
filósofos para a existência de um homem puro, fora da sociedade.
O Mundus Novus descrevia a
expedição enviada por D. Manuel ao Brasil, em 1501. Vespúcio morreu em 1512,
pobre, mas coberto de glória pelos seus relatos sobre o Brasil e a sua gente.
No desembarque dessa expedição de
1501, na Praia do Marco, no Rio Grande do Norte, os visitantes não foram bem
recebidos pelos tapuias, ao contrário da recepção festiva dada pelos
tupiniquins a Cabral um ano antes. O Rio Grande do Norte comemora o seu
aniversário em 07 de agosto, data da chegada dos portugueses para tomarem posse
do território.
A descoberta de Sergipe.
A expedição de 1501 chegou ao
imponente rio Parapitinga (Opará para os nativos) em 04 de outubro de 1501,
batizando-o com o nome de São Francisco, o santo do dia. É nessa data que se
dá a descoberta de Sergipe, à margens direita do portentoso rio. Essa é a
data histórica do aniversário de Sergipe, descoberto por Afonso Gonçalves e
Américo Vespúcio, antes mesmo que a famosa Baía de Todos os Santos, onde
posteriormente viria a ser a sede do Governo Geral do Brasil.
Por isso que o São Francisco é chamado de Velho Chico, foi descoberto antes do Brasil. Sergipe também foi.
Como o critério hagiológico era
adotado pelos portugueses para denominar os topônimos encontrados, e o rio
Parapitinga dos tupinambás foi batizado com o nome de São Francisco, em 04 de
outubro (data do santo) de 1501.
A expedição só batizou a Baia de
Todos Santos em 01 de novembro, se deduz que nessa faixa da costa entre o São
Francisco e a Baia de Todos os Santos, onde se encontra boa parte do litoral
sergipano, eles levaram 26 dias, sendo bastante provável que tenham feito
várias incursões costa adentro, entre elas os cinco dias ancorados na enseada
do Vaza Barris.
Em seguida, a expedição é
arrastada pelas correntes marítimas para uma perigosa enseada.
Relata Américo Vespúcio:
“Chegados à costa, enfrentam os
navios uma inopinada corrente que arrasta as águas para a praia, pondo em risco
as embarcações. Naqueles dias longínquos de 1501, as caravelas tiveram que
lutar com as forças da água e certamente tonéis de bordo se entrechocaram afrouxando
juntas e barris vazaram os líquidos que haviam... A costa turbulenta, cuja
curvatura dava lugar a uma espécie de enseada, foi apelidada pelos marujos de
armada de Vaza barris, passando assim a cartografia (vaza barril).”
Aqui cabe um explicação: a
enseada do Vaza Barris citada por Vespúcio ficava entre a foz do São Francisco
e o Rio Japaratuba, em Pirambu. Na cartografia portuguesa apareceu outra
enseada com o nome de Vaza Barris (Irapiranga, para os tupinambás), como o nome
de rio Cassia ou rio Canafístulas (atual Vaza Barris). O rio de Pereira (atual
Cotinguíba) aparece nos mapas onde atualmente é a foz do Rio Sergipe. O
registro da escala da comitiva de Américo Vespúcio na enseada do Vaza Barris está
explicita em sua carta.
A denominação seguinte dada pela
expedição de 1501 é ao Rio Perera (Rio do Pereira), nome do capitão da caravela
que o viu e nele penetrou. É o nosso Rio Cirigi (dos tupinambás), que se junta
ao Rio Cotindiba (Cotinguíba) em sua foz. O Rio Cirigi é que vem dar nome ao
Estado de Sergipe.
A expedição também batizou uma
serra, avistada a uma distância de 8 a 10 léguas, de Serra de Sta. Maria de
Gracia (Serra de Santa Maria da Graça), que posteriormente foi denominada Serra
de Itabaiana.
Por último a expedição batizou o
Rio Real, com duas versões para o nome. Uma como homenagem a data de nascimento
de D. Manuel (25 de outubro), e a outra pela impressão que a largura da foz
deixava, levando-se a impressão de tratar-se de um rio volumoso e de longo
curso.
A historiadora Maria Thetis Nunes nos conta que a expedição de Américo Vespúcio (1501) levou três Tupinambás de Sergipe para Portugal, afim de aprenderem o idioma. Os primeiros brasileiros a emigrarem para o Velho Mundo foram esses sergipanos.
A historiadora Maria Thetis Nunes nos conta que a expedição de Américo Vespúcio (1501) levou três Tupinambás de Sergipe para Portugal, afim de aprenderem o idioma. Os primeiros brasileiros a emigrarem para o Velho Mundo foram esses sergipanos.
A Esquadra de Cabral passou 08 dias em Porto Seguro; a Expedição de Américo Vespúcio passou 21 dias em Sergipe.
Sergipe estava descoberto.
A expedição zarpou de Sergipe
carregada de canafístula (uma fava medicinal usada na Europa), reforçando-se a
versão que eles ficaram ancorados na enseda do Vaza Barris por cinco dias. A
outra evidência é o longo tempo de percurso da expedição (26 dias) entre o Rio
São Francisco e a Baia de Todos Santos. Só chegaram à Baia em 01 de novembro de
1501, que pelo significado religioso da data, a batizaram de Baia de Todos os
Santos.
Valendo-se do abandono, os
franceses estabeleceram um comercio regular de pau-brasil com os índios de
Sergipe. Neste período, a Terra de Santa Cruz foi um paraíso de degredados e
piratas. Em Sergipe, além das relações comerciais, franceses e tupinambás
firmaram relações de parceria e amizade.
Os franceses estão em costas de
Sergipe desde 1504, vinham em busca do pau de tinta, das favas medicinais da
canafístula, de pimentas e algodão. Nas imediações do Rio Seregipe, encontravam-se
vários mamelucos entre os tupinambás, aloirados, sardentos, tipos comum no meio
do povo. Esses mamelucos eram os filhos de franceses com as tupinambás.
Antônio Samarone.
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