quinta-feira, 4 de julho de 2019

A DENGUE OCULTADA



A Dengue Ocultada... (por Antônio Samarone)

A dengue explodiu no Brasil. Voltou com força. No primeiro semestre de 2019 (até 22 de junho) tivemos mais um milhão e duzentos mil casos notificados, com 414 óbitos registrados. E sobre isso paira um silêncio sepulcral da grande imprensa. Há suspeitas de que uma nova cepa do vírus da dengue vinda do Caribe, já esteja circulando no Brasil. https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/07/03/mortes-por-dengue-no-brasil-triplicam-no-primeiro-semestre.ghtml

Já existe vacina contra a dengue (dengvaxia, produzida pela Sanofi Pasteur), mas não é oferecida pelo SUS. Custa, para quem pode pagar, em torno de R$ 120,00 por dose. São necessárias três doses. A grande imprensa também não divulga que já existe vacina, para que a população não cobre do governo.

No Brasil, a ANVISA autorizou a dengvaxia desde 2015, para uso em pessoas dos 9 aos 45 anos que já tiveram a doença. Chama atenção a diferença de faixa etária do uso da vacina no Brasil e nos EUA.
 
Nos EUA, a vacina dengvaxia só foi aprovada neste ano (2019), com 76% de eficácia em indivíduos de 9 a 16 anos, que já tiveram Dengue confirmada por laboratório. Dengvaxia já foi aprovada em outros 19 países e na União Europeia.

O Instituto Butantan está pesquisando uma vacina contra a Dengue. Assinou um acordo de colaboração tecnológica e em pesquisa clínica com a farmacêutica MSD para o desenvolvimento de vacinas contra a dengue. Para quando não se sabe.

No Brasil, a prevenção da dengue centra-se na cobrança, para que as pessoas fiscalizem pequenas coleções hídricas dentro do seu domicílio, como se os mosquitos já não se reproduzissem no meio-ambiente.

Essa estratégia acima, amplamente ineficaz para erradicar os mosquitos, é usada apenas para transferir responsabilidades. Não se erradica mosquito secando jarrinhos, mas passa-se a ideia de que os mosquitos só resistem porque as pessoas são irresponsáveis, não fazem a sua parte.

No Brasil, com a falta de saneamento ambiental das cidades, construímos um ecossistema urbano favorável aos mosquitos e patogênico para os seres humanos. A dengue é a maior ameaça à Saúde Pública, devido às mudanças climáticas e ambientais e à fácil adaptação dos vetores (Aedes aegypti e Aedes albopictus)". Esvaziar jarrinhos nos domicílios e monitorar o “LIRA” são medidas paliativas, ineficazes no combate à dengue.

Em Sergipe as autoridades sanitárias omitem a gravidade do problema. Nem falam em vacinação, nem ninguém cobra. O Secretário Estadual de Saúde anunciou a contratação emergencial de 50 agentes, para distribuir panfletos nas portas cobrando o esvaziamento dos jarrinhos.

O Prefeito Edvaldo, anunciou um plano de combate, visando prevenir e controlar a dengue, evitar mortes e complicações. “Precisamos pensar fora da caixa, portanto, trabalhar ainda mais a prevenção. Isso faz parte do Planejamento Estratégico da gestão desde 2017”, disse Nogueira.

Dentro do plano da Prefeitura de Aracaju, foram estabelecidas a designação de duas equipes de agentes durante a noite, das 19h às 22h, para visitar casas que estavam fechadas durante o dia; visitação de todas as escolas para eliminação dos focos; trabalho de campo em quatro sábados por mês; aplicação do fumacê costal; realização do  (LIRAa) a cada dois meses e realização de mutirões de limpeza.

Ou seja, a mesma cantilena, blá-blá-blá... A dengue é uma questão ambiental. Essas medidas cosméticas são repetidas ano a ano, e o Aedes se consolida. A continuar secando jarrinhos, fazendo “LIRA” e espalhando fumacê, o Aedes reinará por muitos séculos.

O impacto do aquecimento global sobre a saúde pública, já é visível. Os mosquitos se reproduzem com mais velocidade com o calor. No final do século XXI, as temperaturas médias no Brasil devem aumentar em até 6 graus. O presidente bolsonaro pensa que o aquecimento é uma psicose ambiental.

Antônio Samarone.

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