A Dengue Ocultada...
(por Antônio Samarone)
A dengue
explodiu no Brasil. Voltou com força. No primeiro semestre de 2019 (até 22 de
junho) tivemos mais um milhão e duzentos mil casos notificados, com 414 óbitos
registrados. E sobre isso paira um silêncio sepulcral da grande imprensa. Há
suspeitas de que uma nova cepa do vírus da dengue vinda do Caribe, já esteja
circulando no Brasil. https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/07/03/mortes-por-dengue-no-brasil-triplicam-no-primeiro-semestre.ghtml
Já existe vacina contra a
dengue (dengvaxia, produzida pela Sanofi Pasteur), mas não é oferecida pelo
SUS. Custa, para quem pode pagar, em torno de R$ 120,00 por dose. São
necessárias três doses. A grande imprensa também não divulga que já existe
vacina, para que a população não cobre do governo.
No Brasil, a
ANVISA autorizou a dengvaxia desde 2015, para uso em pessoas dos 9 aos 45 anos
que já tiveram a doença. Chama atenção a diferença de faixa etária do uso da
vacina no Brasil e nos EUA.
Nos EUA, a
vacina dengvaxia só foi aprovada neste ano (2019), com 76% de eficácia em
indivíduos de 9 a 16 anos, que já tiveram Dengue confirmada por laboratório. Dengvaxia
já foi aprovada em outros 19 países e na União Europeia.
O Instituto
Butantan está pesquisando uma vacina contra a Dengue. Assinou um acordo de
colaboração tecnológica e em pesquisa clínica com a farmacêutica MSD para o
desenvolvimento de vacinas contra a dengue. Para quando não se sabe.
No Brasil, a
prevenção da dengue centra-se na cobrança, para que as pessoas fiscalizem
pequenas coleções hídricas dentro do seu domicílio, como se os mosquitos já não
se reproduzissem no meio-ambiente.
Essa
estratégia acima, amplamente ineficaz para erradicar os mosquitos, é usada
apenas para transferir responsabilidades. Não se erradica mosquito secando
jarrinhos, mas passa-se a ideia de que os mosquitos só resistem porque as
pessoas são irresponsáveis, não fazem a sua parte.
No Brasil, com
a falta de saneamento ambiental das cidades, construímos um ecossistema urbano
favorável aos mosquitos e patogênico para os seres humanos. A dengue é a maior
ameaça à Saúde Pública, devido às mudanças climáticas e ambientais e à fácil
adaptação dos vetores (Aedes aegypti e Aedes albopictus)". Esvaziar
jarrinhos nos domicílios e monitorar o “LIRA” são medidas paliativas,
ineficazes no combate à dengue.
Em Sergipe as
autoridades sanitárias omitem a gravidade do problema. Nem falam em vacinação, nem
ninguém cobra. O Secretário Estadual de Saúde anunciou a contratação emergencial
de 50 agentes, para distribuir panfletos nas portas cobrando o esvaziamento dos
jarrinhos.
O Prefeito
Edvaldo, anunciou um plano de combate, visando prevenir e controlar a dengue,
evitar mortes e complicações. “Precisamos pensar fora da caixa, portanto,
trabalhar ainda mais a prevenção. Isso faz parte do Planejamento Estratégico da
gestão desde 2017”, disse Nogueira.
Dentro do
plano da Prefeitura de Aracaju, foram estabelecidas a designação de duas equipes de
agentes durante a noite, das 19h às 22h, para visitar casas que estavam
fechadas durante o dia; visitação de todas as escolas para eliminação dos
focos; trabalho de campo em quatro sábados por mês; aplicação do fumacê costal;
realização do (LIRAa) a cada dois meses e
realização de mutirões de limpeza.
Ou seja, a
mesma cantilena, blá-blá-blá... A dengue é uma questão ambiental. Essas medidas
cosméticas são repetidas ano a ano, e o Aedes se consolida. A continuar secando
jarrinhos, fazendo “LIRA” e espalhando fumacê, o Aedes reinará por muitos
séculos.
O impacto do
aquecimento global sobre a saúde pública, já é visível. Os mosquitos se
reproduzem com mais velocidade com o calor. No final do século XXI, as
temperaturas médias no Brasil devem aumentar em até 6 graus. O presidente bolsonaro
pensa que o aquecimento é uma psicose ambiental.
Antônio
Samarone.
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