sexta-feira, 5 de julho de 2019

GENTE SERGIPANA - DONA MARLENE



Gente Sergipana – Dona Marlene (76 anos). (In memoriam).

Marlene de Oliveira Silva, nasceu na Vila da Passagem, em Neópolis. Filha de Seu Pedro e Dona Belina. Logo cedo, ainda adolescente, Marlene foi trabalhar como auxiliar de enfermagem na creche e na maternidade da fábrica de tecido. Marlene casou-se com Heleno Luís da Silva, o lendário goleiro Lessa.

Em 1971, o Itabaiana foi buscar em Penedo dois craques do futebol Nordestino: Lessa e Xavier. Era um luxo desportivo, o Itabaiana já contava com Marcelo e Horácio para as mesmas posições. Mas a vida nos reserva surpresas. A chegada da família Lessa e dona Marlene em Itabaiana não enriqueceu apenas o futebol. Eles adotaram a Vila de Santo Antônio e Almas. Viraram dos nossos.

A família já chegou com dois filhos, Rômulo e Romina. Isso mesmo o Dr. Rômulo! Depois tiveram mais dois em Itabaiana, Ruanny e Rooseman. A comunidade Itabaianense aprendeu cedo a admirar a família de Dona Marlene.

Deixando o futebol, Lessa montou um bar no caminho do Ginásio Murilo Braga, para sobreviver e educar os filhos. Gente operária, simples, que encarava o trabalho como dever. Até pouco tempo, mesmo sem precisar mais, os filhos deram certo na vida, dona Marlene mantinha uma banca de jogo do bicho na porta do antigo bar, para ter o seu dinheirinho.

Dona Marlene ficou viúva cedo, Lessa faleceu novo, aos 57 anos. Ela tocou o barco sozinha, encharcada de saudades. 

Eu sou um pouco suspeito para elogiar dona Marlene, sempre a achei muito parecida com a minha mãe. Altivas, guerreiras, cabeças erguidas, disciplinadoras e que souberam “botar os seus filhos na linha”.

Meu amigo Rômulo, sei que a perda é grande. O consolo é que, mãe não morre, fica na gente. Enxergo dona Marlene num verso de Milton Nascimento:

Dona Marlene
“Foi o som, a cor, e o suor
Foi uma dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta...”

Dona Marlene, descanse em paz. Missão cumprida!

Antônio Samarone.

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