terça-feira, 22 de outubro de 2019

UMA HUMILDADE VAIDOSA



Uma humildade vaidosa.... (por Antônio Samarone Santana)

Uma universidade espalhou outdoors por Aracaju, associando a imagem do professor Felipe Santana a sua imagem, como exemplo de competência.

Felipe Santana foi criado pela mãe, minha irmã Izabel. Órfão de pai muito cedo, morto em acidente na Rio Bahia. O pai era caminhoneiro. Felipe teve na escola o caminho para superação das dificuldades. Andou com as próprias pernas, sem padrinhos, e chegou.

Hoje Felipe Santana é uma referência de bom professor.

Há 50 anos eu chegava à UFS, para estudar medicina.

Numa primeira aula, na hora chamada, um professor famoso quando leu o meu nome, parou um instante, e perguntou: “o senhor é de que família, de onde vem esse Santana?  Eu orgulhoso respondi: por parte de mãe, descendo dos ferreiros das Flechas, e por parte de pai, sou neto de Ascendino de Genoveva, das Candeias...

O professor desapontado com a resposta, gente que ele desconhecia, insistiu com ironia, e com um riso no canto da boca: neto de quem? Um “quem” arrastado, para fazer graça. A turma desatou numa risada. Percebi que os “Santanas” não constavam na lista dos convidados do professor.

Ele fez ainda uma advertência: o senhor sabe que o curso de medicina é em tempo integral e dedicação exclusiva! Eu engoli seco, para não o mandar às favas... O ensino superior não era para gente do meu tipo, pensava ele...

Quando vi o outdoor de Felipe Santana, colorindo às "ruas do Ara", lembrei-me desse fato acima. Pensei de primeira, se o professor fulano fosse vivo, iria telefoná-lo para dizer-lhe quem era a família Santana, e como chegamos até aqui...

Antônio Samarone Santana.

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