Vamos louvar
a quem merece... (por Antônio Samarone)
A turma do
Arquidiocesano que completou 40 anos da conclusão do segundo grau, fez uma festa.
Professores e a direção do Colégio foram convidados. Eu ensinava biologia. A
atração foi a presença do diretor, o Cônego Carvalho.
Numa breve retrospectiva,
o Cônego José de Carvalho Souza dirigiu o Arquidiocesano por cinquenta anos. Em
2012, foi afastado de forma abrupta pela Diocese. O Colégio nunca mais foi o
mesmo.
O
conservador Cônego Carvalho dirigia o Colégio democraticamente. Reinava um clima
de liberdade, do livre pensar e do respeito as divergências no Colégio.
Durante a
revolução de 1964, alguns alunos foram expulsos do Colégio Atheneu, acusados de
subversão. O Cônego Carvalho abriu as portas do Arquidiocesano para recebe-los:
Wellington Mangueira, Abelardo Souza e o poeta Mario Jorge (irmão da deputada
Ana Lúcia). Não foi pouco!
Quando ingressei
no Colégio, com professor de Biologia, fiquei preocupado. Como ensinar a Teoria
da Evolução, claramente materialista, num colégio de padres? Estávamos na
década de 1970, e a biologia moderna, cientifica, ainda era uma novidade nos
livros didáticos.
Procurei o
Cônego Carvalho, para saber a orientação do Colégio. Eu precisava do emprego. Expus
o problema: padre, a biologia tem uma visão sobre a origem da vida e a sobre evolução
que contrariam a doutrina cristã, o que fazer? O Cônego Carvalho foi sucinto: o
senhor ensine biologia, que eu ensino o catecismo.
O corpo docente
era infestado de esquerdistas, líderes estudantis, isso em plena ditadura. O
padre sabia, mas o que cobrava é que fossemos bons professores. O Cônego
Carvalho valorizava os professores. Era acessível, dialogava com os alunos. E
foi um pioneiro no fortalecimento do esporte estudantil.
O Colégio Arquidiocesano
foi um grande colégio, em grande parte, devido a dedicação e competência do
Cônego José de Carvalho Souza. Foi o eu que ouvi dos ex-alunos, após 40 anos.
Eu subscrevo!
Antônio Samarone.
Nenhum comentário:
Postar um comentário